2º semestre: crise não afeta luta por ganho real de salário
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apesar da crise houve melhora nas negociações coletivas do 1° trimestre deste ano em relação a igual período de 2008
A crise não desanimou os trabalhadores com data-base no segundo semestre na reivindicação de aumento real de salários. Nesse período se concentram as campanhas salariais das categorias profissionais mais organizadas do Brasil, como metalúrgicos, bancários, petroleiros, químicos e eletricitários.
Bancários e metalúrgicos, que têm data-base em setembro, se preparam para iniciar as negociações.
Os mais de 465 mil bancários do País querem reajuste de 10% (inflação mais 5% de aumento real) nos salários e demais verbas, como vale-refeição e vale-alimentação. Além disso, a categoria reivindica uma Participação nos Lucros ou Resultados (PLR) dos bancos de três salários acrescidos de R$ 3.850.
Cerca de 220 mil metalúrgicos do Estado de São Paulo, ligados à Central Única dos Trabalhadores (CUT), querem a reposição integral da inflação, além de aumento real do salário, cujo índice deverá ser definido na mesa de negociações.
De acordo com levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese), apesar da crise houve melhora nas negociações coletivas do primeiro trimestre deste ano em relação a igual período de 2008. Nada menos que 96% dos acordos garantiram ao menos a reposição da inflação.
Em 2008, esse número foi de 89%. E 78% dos acordos deste ano garantiram aumento real nos salários, ante 77% em 2008. “Não temos dúvida de que o setor financeiro brasileiro não foi afetado pela crise mundial”, diz Carlos Cordeiro, presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf), entidade ligada à Central Única dos Trabalhadores (CUT).
“Os números do setor demonstram que os bancos têm total capacidade de atender às reivindicações justas dos bancários”.
O sindicalista cita que a rentabilidade líquida sobre o patrimônio dos bancos, no mercado brasileiro, está na casa dos 30%. Segundo ele, esse índice hoje é de 15% em outros países.
Definida no último fim de semana, a pauta de reivindicação dos bancários deverá ser entregue aos representantes dos bancos até o fim do mês.
Cordeiro diz que a categoria está mobilizada e disposta a ir à greve caso as negociações cheguem a um impasse.
O presidente da Federação Estadual dos Sindicatos Metalúrgicos da CUT (FEM), Valmir Marques da Silva, conhecido como Biro-Biro, acredita que as negociações serão as mais difíceis dos últimos anos, mas não abre mão das reivindicações da categoria.
“O custo da crise já foi pago no primeiro trimestre, por meio dos acordos para suspensão temporária do contrato de trabalho e pelas demissões”.
A campanha dos metalúrgicos da CUT será oficialmente lançada nesta quinta-feira, com a entrega da pauta de reivindicações na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp). Os sindicalistas vão realizar um ato em frente ao prédio da entidade, na avenida Paulista. A expectativa é de reunir entre 1,5 mil a 2 mil pessoas.
Do O Estado de S. Paulo