30 anos da Greve Geral de 1983 – No tempo que andar pelas ruas dava cadeia – Veja Vídeo

 

 

Há 30 anos trabalhadores enfrentavam a ditadura militar

“Os trabalhadores eram presos um dia antes da greve geral começar”. Esta é uma das principais lembranças que Josimar Alves Bezerra, o Banana, supervisor de operações na TVT, tem do movimento que estourou em 1983, quando ele trabalhava na Mercedes, em São Bernardo.
 
Naquele ano, em plena ditadura militar no Brasil, trabalhadores de todo o País decidiram enfrentar o regime de exceção e convocar greve geral contra a política de arrocho imposta pelo governo.
 
Os trabalhadores estavam revoltados contra o decreto que limitava a reposição da inflação sobre os salários em 80%, enviado ao Congresso Nacional pelo general presidente, João Batista Figueiredo.
 
Os primeiros a protestarem foram os petroleiros de Campinas e Paulínia, que paralisaram suas atividades no início de julho.

Congresso

Naquele momento os metalúrgicos de São Paulo realizavam o 4º Congresso da categoria. Quando ficaram sabendo da mobilização dos petroleiros e resolveram prestar solidariedade aos companheiros organizando dois dias de luta.

“Fizemos uma greve ‘arrastão’, que é quando os trabalhadores do movimento passam pelas empresas e vão parando as fábricas”, explicou Banana.

“Com este movimento reunimos mais de 80 mil metalúrgicos no Paço de São Bernardo, no dia 8 de julho. No dia seguinte lotamos o Estádio 1º de Maio, na Vila Euclides,”, relembrou o companheiro.
 
Pró-CUT

No mesmo período, lideranças sindicais de várias categorias formavam a Comissão Pró-CUT para viabilizar a criação da Central Única dos Trabalhadores. E a Comissão decidiu chamar a greve geral para o dia 21 de julho.

“Foi a primeira greve geral realizada após o golpe militar de 1964 e teve uma adesão de mais de 3 milhões de trabalhadores em todo o Brasil”, afirmou Banana.

Prisões

A repressão ao movimento foi violenta. Cerca de 1.500 trabalhados foram preso e mais de 100 sindicalistas afastados de seus cargos.
 
Em São Bernardo, a diretoria que já havia sido cassada na greve de solidariedade aos petroleiros no começo de julho, mas continuava comandando a categoria em um espaço provisório, nos fundos da Igreja Matriz da cidade.

“A polícia não respeitou o espaço e começou a jogar bombas de efeito moral dentro da igreja. Foi uma correria danada”, prosseguiu Banana.

Vitória

Em agosto de 83, a criação da CUT é aprovada e militantes da Central lotam as galerias do Congresso para pressionar deputados e senadores a rejeitarem o decreto de Figueiredo, que limitava o reajuste salarial em 80% da inflação.

Outra vitória dos trabalhadores. Novamente pela primeira vez desde o golpe militar de 1964, o Congresso Nacional rejeitou um projeto de um general presidente.

Da Redação