30 anos de representação na Scania reúne antigos e atuais dirigentes
Na foto da esquerda para a direita: Em pé: Tião, Rodnei, Valdecir, Leila, Vânio, Calazans, Celso, Baby, Braizan, Maicon, Tchuco, Ribal, Linhares, Régis e Jânio. Sentados: Claudionor, Marcão, Caramelo, Santana, Barba e Lira
“O jovem que começa a trabalhar na Scania pensa que a realidade na fábrica foi sempre como é hoje”
A morte do companheiro Chiquinho por falta de segurança, em 1987, marcou um período de muita luta por melhorias nas condições de trabalho na Scania.
“Foi o fato que mais me marcou como representante. Paramos a fábrica naquele dia e ninguém tinha condições de continuar trabalhando”, contou Sebastião Pereira de Souza, o Tião, durante as gravações do programa especial em homenagem aos 30 anos de organização no local de trabalho na Scania, OLT.
As lembranças dos antigos representantes e as experiências dos novos dirigentes estão sendo contadas à TV dos Trabalhadores, a TVT, como parte das atividades comemorativas destas três décadas completadas no último dia 12 de outubro.
“Naquela época era bem diferente, o ambiente na fábrica era muito insalubre, os galpões eram extremamente quentes”, relembrou Tião.
Segundo ele, foi após uma viagem para participar de um Seminário Sindical na Suécia que começaram as reivindicações para melhorar a planta de São Bernardo da montadora.
“Conhecemos a matriz sueca da Scania e era tudo diferente. A partir daí elaboramos uma pauta de reivindicações de investimentos para melhorar o ambiente de trabalho”, destacou Tião.
“Conquistamos exaustão do ar quente para entrada de ar frio, proteção no teto dos galpões, uniforme como é até hoje, aposentando o macacão. Isso sem contar às 40 horas semanais, sem redução de salário e a criação do Sistema Único de Representação, o SUR”, completou.
“Até 96, a representação dos trabalhadores era separada entre CIPA, que cuidava das questões de saúde e segurança, e Comissão de Fábrica, que tratava das questões econômicas”, explicou o primeiro coordenador do SUR, Claudionor Borges.
Ele recorda da pesquisa realizada pelo Sindicato, com a participação de todos os trabalhadores na fábrica sobre as condições de trabalho.
“Eram cerca de 20 perguntas em que os companheiros falavam sobre o que mais prejudicava e até o que sofriam fora da empresa, se tinham insônia, por exemplo”, recordou.
“O estudo foi tão bem elaborado, que até os diretores da Scania elogiaram e utilizaram para reformular as áreas que apresentavam maior risco para o trabalhador, como a usinagem da época”, afirmou Claudionor.
As relações de trabalho na montadora sueca estão diferentes do passado de perseguições que os representantes sofriam.
“Tinha uma moça que era RH e toda vez que eu saia da máquina para andar na fábrica ela vinha atrás de mim”, contou bem humorado, José Pereira de Santana, que era da CIPA em 96.
“O trabalho era muito pesado e se nós não circulássemos pelas áreas não tínhamos como saber se o trabalhador estava em risco”, defendeu.
“O jovem que começa a trabalhar na Scania pensa que a realidade foi sempre assim e que a empresa se modernizou por vontade própria, mas não foi assim”, lembrou Marcos Antonio Batista, o Marcão, que também fez parte do primeiro SUR.
“Quem ia representar na CIPA ou na Comissão era taxado de vagabundo. A chefia era muito despreparada”, disse.
“Tenho saudades daquela época, mesmo com toda dureza que era ser dirigente sindical. Uma vez fui arrastado em cima de um carro por um trabalhador que queria furar a greve”, contou sorrindo Marcão.
Da Redação