33 anos: Batalha de Piraporinha marca greve de 1989
A reação covarde de policiais militares contra uma passeata pacífica em 1989 foi ponto de partida para deflagrar um dos momentos mais tensos da história do Sindicato, que ficou conhecido como Batalha de Piraporinha.
Na Campanha Salarial daquele ano, a reivindicação salarial levava em conta as perdas do Plano Verão. No dia 5 de maio, assembleia no Paço Municipal rejeitou a oferta dos patrões e saiu em passeata. A categoria estava em greve desde o dia 19 de abril.
No percurso, a polícia provocou com bombas de gás lacrimogêneo e os metalúrgicos não se intimidaram, reagindo com paus e pedras. Acuados, os PMs passaram a atirar indiscriminadamente com seus revólveres e escopetas.
O presidente do Sindicato na época, hoje deputado federal (PT-SP), Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, lembrou que ouviu a gritaria, a confusão e barulhos que pareciam tiros.
“Os policiais estavam enfileirados com revólveres na mão. Enquanto a polícia atirava, o pessoal jogava pedras. Subi no carro, levantei as mãos e gritava, apelava para pararem. Pensei: as pessoas vão me ver e vão parar de atirar. Se não fizesse, ia morrer muita gente”, contou.
Foram 30 minutos de conflito. Apesar dos cinco metalúrgicos feridos à bala, a passeata seguiu pela Avenida Piraporinha cantando o refrão “há soldados armados, amados ou não, quase todos perdidos com armas na mão”.
“Os dirigentes e militantes são talhados na própria luta. Foi uma batalha muito importante e marcante para o movimento sindical brasileiro”.
Um dos trabalhadores baleados, Dirceu Marcos, à época na Mercedes, contou parte dessa experiência. “Eu achei que eram tiros de borracha e até hoje não se entende o fato dos caras atirarem a esmo numa multidão de pessoas como aquela. Senti uma fisgada na perna e quando olhei para meu tênis branco ele estava todo vermelho de sangue. Aí um companheiro me disse que eu havia levado um tiro de verdade. Até então não houve uma greve com tamanha repercussão, com tamanha violência e atirando para valer. Essa ficou marcada”, contou.