43 anos da greve na Scania: Braços Cruzados, máquinas paradas!

Na manhã de 12 de maio de 1978, trabalhadores na Scania, em São Bernardo, entram na fábrica, vestem o macacão, batem o cartão e, em vez de ligarem as máquinas, cruzam os braços exigindo aumento salarial. Muito mais que uma luta salarial, a paralisação recolocou os trabalhadores na vida política do Brasil e transformou o sindicalismo.

Em fevereiro de 1978, Lula assumia pela segunda vez a presidência do Sindicato e, em seu discurso, pede para a categoria ir à luta. Na campanha salarial daquele ano os metalúrgicos denunciam a farsa da negociação já que, em nome dos sindicatos, a federação dos metalúrgicos fingia que negociava com os patrões até o governo militar determinar o índice de reajuste. Por isso, o Sindicato rompe com a Federação, avisa que vai negociar em separado e, na pauta, não inclui o índice de reajuste salarial.

Nas assembleias, Lula avisa que os metalúrgicos não iam legitimar um índice de reajuste fixado arbitrariamente pelo governo, o que de fato acabou acontecendo. A campanha não resultou em avanço salarial. Mas ela apontou para a categoria que as mudanças só aconteceriam com luta. Mostrou para os trabalhadores que estava nas mãos deles a única maneira de mudar as condições de trabalho e de salário a que estavam submetidos.

Foi aí que, no dia 12 de maio, os trabalhadores na Scania receberam seus holerites com o reajuste fixado pelos militares e tomaram a decisão de desligar as máquinas e cruzar os braços. Logo em seguida pararam os trabalhadores nas outras montadoras e o movimento se espalhou pela região e pelo País. Até o final do ano, centenas de greves foram realizadas, passando por cima da lei de greve, que impedia as paralisações, e da política econômica.

Assim, a campanha salarial dos metalúrgicos representou um marco no processo de mudança no sindicalismo brasileiro, pois além de começar a impedir que o governo decidisse sobre o reajuste salarial para os trabalhadores, iniciou uma nova prática sindical, que passou a ser chamada de novo sindicalismo.