45 anos de 1964 – Polarização entre a esquerda e a direta
Greve geral por aumento salarial em outubro de 1963
A partir dos debates sobre as reformas de base do presidente João Goulart, o Jango, em 1962, a sociedade brasileira começa a se polarizar entre a esquerda e a direita.
Nesse processo de radicalização, Jango recupera os poderes presidenciais em janeiro de 1963, em plebiscito no qual 9,5 milhões de pessoas optaram pela volta do presidencialismo e 2 milhões pelo parlamentarismo.
A elite já se sentia traída por Goulart, em 1962, com a aprovação do Estatuto do Trabalhador Rural, que regulava as relações de trabalho no campo, que até então estavam à margem da legislação, e amplia os direitos dos trabalhadores rurais.
Com o presidencialismo, Jango sente-se forte e pede à Câmara Federal a decretação de Estado de Sítio. Sua intenção era depor o governador de São Paulo, Carvalho Pinto, e o da Guanabara, Carlos Lacerda. Ele fica sem o apoio da esquerda na Câmara e retira o projeto.
O presidente faz um governo contraditório. Ao mesmo tempo em que anuncia o Plano Trienal, reunindo reforma agrária, fiscal, educacional, bancária e eleitoral, ele quer manter as taxas de crescimento da economia e reduzir a inflação, medidas exigidas pelo Fundo Monetário Internacional para renegociação da dívida externa.
O plano foi abandonado e Jango implementa medidas nacionalistas. Elas limitam a remessa de capital para o exterior, nacionaliza empresas de comunicação e reveem as concessões para exploração de minérios.
Cisão
A resposta foi imediata. O governo e as empresas privadas norte-americanas cortam o crédito para o Brasil e interrompem a negociação da dívida externa. A agitação política cresce. No Congresso, é formada a Frente Parlamentar Nacionalista, de apoio a Jango, e a Ação Democrática Parlamentar, mantida pela embaixada americana.
Sem base parlamentar para aprovar seus projetos, Jango busca apoio das classes populares.
O governo abandona seu programa de austeridade econômica e aumenta salário dos servidores públicos. O salário mínimo é reajustado acima da taxa pré-fixada. O descontentamento da elite aumenta e os movimentos sindical e popular pressionam por reformas sociais.
Amanhã, as forças direitistas articulam para fechar o Congresso e derrubar Jango e as esquerdas se unem para manter o presidente no cargo.