484 temporários efetivados na Mercedes

Mobilização que conquistou efetivações continua para discutir futuro da fábrica


Doze mil trabalhadores presentes. Foto: Paulo de Souza / SMABC

Valeu a mobilização. No próximo dia 1º de abril, os 484 trabalhadores que tinham contrato por prazo determinado na Mercedes de São Bernardo serão efetivados.

A notícia foi dada nesta quinta-feira (7), em assembleia na porta da fábrica com cerca de doze mil metalúrgicos, que aprovaram a mobilização constante para preparar a fábrica para o futuro.

Os efetivados estavam no grupo de 1.500 companheiros que tiveram seus contratos suspensos no ano passado (lay-off), durante o auge da crise no setor de caminhões.

“Nunca abrimos mão do retorno desses trabalhadores para a produção, pois nossa prioridade nos últimos meses foi garantir o emprego de cada um dos 12.800 companheiros na planta”, afirmou Aroaldo Oliveira, coordenador do CSE.

Pior momento
“Atravessamos 2012, o pior ano da história da fábrica, sem deixar fechar uma vaga sequer”, afirmou Moisés Selerges, diretor de Organização do Sindicato e membro do CSE na empresa.

A prioridade agora será a negociação entre trabalhadores e empresa para preparar a fábrica de São Bernardo para a competição com as novas montadoras de caminhão que se instalaram no País.

“Se um parafuso sair dessa fábrica sem negociação, nós vamos pra luta”, avisou Valter Sanches, diretor de Comunicação do Sindicato e integrante do CSE, ao chamar a votação na assembleia para a mobilização pelo futuro na montadora.


Efetivados mostram a carteirinha funcional. Foto: Paulo de Souza / SMABC

Garantir o emprego na luta e na política
No dia 7 de novembro de 2012, a Mercedes enviou telegrama de demissão para os 484 trabalhadores efetivados e que tinham contratos por prazo determinado.

A reação dos companheiros na fábrica foi intensificar a luta para garantir esses empregos. A pressão fez a Mercedes prorrogar os contratos até 31 de março deste ano.

Enquanto esta batalha corria na fábrica, o Sindicato agiu politicamente para recuperar o setor de caminhões.

“Alguns criticam as nossas idas à Brasília dizendo que não devíamos fazer política. Mas foram essas reuniões que resultaram em ações como a redução dos juros para a compra de caminhões, o novo Regime Automotivo e outras medidas que ajudaram a recuperar o setor”, recordou Sanches.

Boa notícia
A reação dos trabalhadores efetivados era de alegria e alívio. Vários agradeceram aos membros da representação dos trabalhadores e alguns choraram ao levantar a carteira funcional para a foto que registrou os novos efetivados.

“Foi o melhor presente de Dia das Mulheres que já recebi”, comemorou Maria da Penha Oliveira Galvão, do setor das Cabinas.

Um grupo de trabalhadores surdos não continha a felicidade com a oportunidade de futuro na montadora.

“Eu não esperava. Fiquei muito feliz por ser efetivado”, contou Leandro Sales Pessoa, montador no prédio 46. “Agora quero uma casa e um carro novos, pois ainda não tenho nada”, completou.

“Fiquei com medo na época das demissões”, afirmou Beatriz da Silva Cervantes, da área de motor. “Queria trabalhar e agora posso fazer isso. Estou muito feliz”, disse.

“É uma felicidade muito grande ser efetivada”, descreveu Taís Rodrigues de Almeida, que também é do setor de motor.

Da Redação