50 anos do Dieese: A conta que criou o novo sindicalismo
O Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos começa comemorar hoje seu 50º aniversário. O órgão foi criado em 22 de dezembro de 1955, em São Paulo, por 21 dirigentes sindicais.
Eles decidiram construir um organismo dos trabalhadores, não previsto na estrutura sindical, para produzir dados que apoiassem suas negociações junto aos patrões. “Foi essa assessoria que denunciou a manipulação dos índices de inflação nos anos de 1973 e 1974 e deu a base para o surgimento do novo sindicalismo”, lembra João Cayres, do Comitê Sindical na Ford e vice-presidente do Dieese.
A política salarial em vigor naqueles anos vinha desde 1966. Os reajustes de salário eram anuais, porém o governo militar determinava os índices. Em 73 e 74, o governo manipulou a inflação. O resultado foi um arrocho salarial de 34,1%, o que estimulou o movimento sindical a lutar pela recomposição.
Este foi o motivo da greve dos metalúrgicos do ABC em maio de 1978 que projetou Lula e criou a bases para o ressurgimento do sindicalismo combativo.
O Dieese está instalado em 16 estados e reúne mais de 400 entidades sindicais. Realiza levantamentos como o índice do custo de vida, salário mínimo, pesquisas de emprego e desemprego, acompanha as mobilizações dos trabalhadores, analisa o perfil das categorias e estuda questões gerais da sociedade brasileira.
“É o único no mundo com essas características e com tanto tempo de vida”, descreve João Cayres. Segundo ele, dois projetos importantes para o próximo período são a aquisição de uma sede própria e a criação da Universidade Dieese para dar formação superior a dirigentes sindicais.
As comemorações de 50 anos serão abertas hoje em São Paulo com uma palestra do economista Luiz Gonzaga Beluzzo e do ministro do Trabalho Luiz Marinho.