52 anos de lutas e conquistas
Parabéns à todos os metalúrgicos do ABC
No dia 12 de maio de 1959, uma reunião com 71 trabalhadores fundou a Associação dos Metalúrgicos de São Bernardo, que em agosto já se transformaria em Sindicato.
O aumento ocorrido a partir da instalação das montadoras na cidade na década de 50 tornou a nova entidade necessária porque o Sindicato de Santo André não conseguia mais representar a categoria.
A criação de mais sindicatos também interessava ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) para aumentar seu poder nas eleições das federações sindicais.
O PCB era a força política dominante no movimento sindical do ABC. Também era muito forte politicamente, tanto que elegeu Armando Mazzo prefeito de Santo André – o primeiro prefeito operário do Brasil – em 1947. Dias antes da posse ele teve o mandato cassado.
Orisson Saraiva de Castro, um dos articuladores da Associação, lembra que foi decisão do PCB organizar de células nas grandes empresas do ABC.
“Como eu era dirigente estadual do partido e bastante experiente, em 1958 fui deslocado para São Bernardo com esse objetivo e comecei a trabalhar como eletricista na Mercedes-Benz. Lá, entrei em contato com Lino Potomati, Antonio Cardoso e Alcides Bolsoi, que já haviam discutido a fundação da associação”, contou.
A reunião de fundação aconteceu na sede do Sindicato dos Marceneiros da cidade, na Rua Marechal Deodoro.
“Fizemos a ata e contamos 70 e poucos trabalhadores na Mercedes-Benz, Volks, Mercantil Suíça, Varan Motores, Multibrás, Carte, Volar, Simca e Maras”, disse Orisson.
Lino Ezelino Carniel foi eleito presidente da diretoria, com mandato de dois anos. Apesar da forte perseguição que sofreram, com demissões, mudança de cidade ou de turno, os diretores tinham representação.
“Fizemos greve na Willys e na Mercedes pelo abono de Natal. Também paramos a Brastemp. Mas o número de sindicalizados era pequeno porque as empresas demitiam”, lembrou.
Primeira diretoria eleita do Sindicato, em 1959. Foto: Imagens da Luta
História de mobilização e organização
A primeira direção do Sindicato teve Anacleto Potomatti na presidência, Antonio Cardoso como vice e Orisson Castro na secretaria geral.
Ao lado do movimento sindical da região, os metalúrgicos de São Bernardo participam com grandes passeatas, em 1962, da greve geral contra a carestia.
Até o golpe militar, em 1964, a categoria se envolveu em grandes mobilizações por reivindicações específicas e em campanhas políticas como a nacionalização da refinaria de Capuava, reforma agrária e a implantação das Reformas de Base do presidente João Goulart, o Jango.
Em janeiro de 1964, uma greve de três dias de 220 mil trabalhadores do ABC envolvendo 30 sindicatos conquista 90% de reajuste salarial. Foi o último grande movimento desse período, pois a ditadura desarticulou o movimento sindical. A diretoria do Sindicato foi destituída e perseguida, alguns chegaram a ser presos e exilados.
A resistência dos trabalhadores passa a ser feita pontualmente, dentro das fábricas. Em 1978, em meio a um período de reorganização da sociedade em defesa das liberdades democráticas e da anistia, o Sindicato articula uma nova proposta sindical e marca a reentrada da classe trabalhadora no cenário político.
Este novo sindicalismo é o principal responsável pela derrubada da ditadura militar e, desde então, participa de todos os movimentos em defesa da cidadania e de avanços da classe trabalhadora brasileira.
Sua mais nova contribuição são os Comitês Sindicais de Empresa (CSEs), uma garantia de autêntica representação dos trabalhadores em seus próprios locais de trabalho que agora o Sindicato que estender para todo o País.
Da Redação