59 anos: ‘Semana do Nunca Mais’ reflete período de chumbo da ditadura militar no país

Ações do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania acontecem até domingo, 2 de abril

Foto: Arquivo SMABC

Mobilizações lembram até o próximo domingo, 2 de abril, os 59 anos do golpe que instaurou a ditadura militar no Brasil, de 1964 a 1985. Ao contrário do governo anterior, que não reconhecia a ocorrência de um golpe, o atual promove atos de memória e repúdio àquele período com a chamada ‘Semana do Nunca Mais’.

Essas ações concentram-se no Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania que amanhã, às 9h, realiza a primeira sessão do ano da Comissão de Anistia. O colegiado foi recomposto recentemente e irá revisar vários casos desconsiderados pela gestão anterior.

Dirigentes da AMA-A ABC (Associação dos Metalúrgicos Anistiados e Anistiandos) participam da atividade em Brasília. A entidade já luta há 24 anos pela reparação aos companheiros e companheiras que sofreram com a repressão na ditadura, presos e torturados, trabalhadores que perderam seus mandatos sindicais, os que foram perseguidos e não conseguiram mais emprego.

Foto: Adonis Guerra

“Entendemos que é fundamental o reconhecimento do estado brasileiro com um pedido de desculpas a todas as vítimas da ditadura, o que sempre é feito pela Comissão da Anistia, e à reparação econômica, pois muitas pessoas ficaram sem condições de sobrevivência e tiveram que se virar para poder seguir com suas vidas”, destacou o secretário-geral da entidade, Luiz Soares da Cruz, o Lulinha.

Outras ditaduras

Para o vice-presidente dos Metalúrgicos do ABC, Carlos Caramelo, é importante a manutenção da luta contra os 21 anos de chumbo vividos no país para que nunca esqueçamos das dores que nossa nação viveu.

Foto: Adonis Guerra

“Vimos o golpe sofrido pela ex-presidenta Dilma Rousseff em 2016, que ainda tem impactos na vida das pessoas e na nossa democracia. Também vivemos a prisão em 2018 do então candidato à presidência da República, Lula. Por isso, a ditadura não precisa ser só militar para se fazer valer como instrumento de opressão e censura, já que outros setores da sociedade participaram do golpe, como parte da mídia, a classe política, do sistema financeiro e parte do judiciário”.

“Reforçando a tese do que estava ocorrendo em nosso país, o que acontece em Israel hoje é justamente o modelo de ditadura que tentaram implementar no Brasil. Em uma das ações do governo passado, o mesmo também queria o controle das estruturas judiciárias para combater o estado democrático”.

Foto: Arquivo SMABC

Histórico

A ‘Semana do Nunca Mais’ faz referência ao ciclo da história do Brasil em que o apagamento cultural e o autoritarismo tentaram mudar o curso dos acontecimentos reais e escusos aos interesses democráticos, progressistas e em defesa da dignidade humana. No dia 31 de março de 1964, o país sofreu um golpe civil-militar que causou violações de direitos humanos já amplamente conhecidos.

Em 2014, a Comissão Nacional da Verdade confirmou, em seu relatório final, 434 mortes e desaparecimentos de vítimas da ditadura no Brasil. Entre essas pessoas, 210 são desaparecidas.

Com informações da Rede Brasil Atual