60 anos da revolução de Paulo Freire em Angicos

No início de 1963, Paulo Freire revolucionou a pedagogia ao comandar uma equipe de educadores na cidade de Angicos, no Rio Grande do Norte, a 194 km de Natal, onde aplicou pela primeira vez o seu “método”, que ele mesmo definia como uma compreensão ética, política e crítica da educação.

Foto: Divulgação

O primeiro passo foi catalogar as palavras usadas pelos grupos de alunos. A equipe de Paulo Freire catalogou 380 palavras mais comumente faladas pela comunidade. As palavras presentes no cotidiano dos alfabetizandos permitiam a discussão de suas experiências de vida entre si, que passaram a ser decodificadas para a aquisição da palavra escrita e da compreensão do mundo.

Nesse sentido, os alunos são considerados pessoas portadoras de experiências individuais e coletivas, ou seja, produtoras de cultura que interagem com o educador. Na concepção freiriana, o papel da educação deve permitir ao ser humano ler o mundo, depois compartilhá-lo nas relações sociais e depois transformá-lo pela ação coletiva.

Angicos foi escolhido por ser um povoado muito pobre e com elevado analfabetismo, um lugar perfeito para testar a proposta pedagógica de Paulo Freire que pretendia alfabetizar 300 camponeses adultos com um percurso diário de uma hora de aula durante 40 dias. O sucesso da experiência foi noticiado dentro e fora do Brasil e levou o presidente João Goulart a Angicos para prestigiar a formatura dos 300 camponeses.

A experiência foi transformada em Programa Nacional de Alfabetização em 1964 no governo de João Goulart, que criaria 60 mil grupos para alfabetizar 1,8 milhão de pessoas. O golpe de 31 de março 1964 não permitiu que o projeto saísse do papel. Paulo Freire foi perseguido pelos militares sendo obrigado a sair do país para o exílio.

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