7. O Estado Novo. Um novo 1º de maio

Todas as organizações de trabalhadores, independente da definição ideológica, conferiram ao 1º de Maio o caráter catalisador de unidade, a todas as lutas travadas pela sociedade. Além das reivindicações referentes ao trabalho componentes sociais eram levantados. A idéia de liberdade e de criação de uma Nação soberana e justa permeava as comemorações da data. Não ao pagamento da dívida externa, denúncias dos tratados comerciais lesivos aos interesses dos brasileiros e nacionalização dos serviços públicos eram palavras de ordem correntes naqueles tempos.

O Estado Novo, adjetivo criado por Getúlio Vargas para designar o rompimento com a Velha República, montou um conjunto de leis de proteção ao trabalhador. As leis, na verdade, representaram e expressaram a pressão real que o movimento operário exercia sobre a classe dominante e o Estado. Nada foi consentido, mas sim conquistado. Por outro lado, essa legislação possibilitou maior controle e organização do mercado de força de trabalho, dinamizando os mecanismos da acumulação industrial.

Combinado à repressão, o Estado Novo conseguiu também atrelar o movimento operário aos seus interesses. O 1º de Maio, data mais expressiva dos trabalhadores, se tornou um espetáculo nacionalista, assistencial e paternal. O que era antes uma manifestação livre e expontânea, transformou-se em grandes concentrações montadas pelo Estado que fornecia transporte gratuito aos trabalhadores para chegaram aos estádios (Em São Paulo, no Pacaembu e Gama Filho, no Rio de Janeiro).

Após desfiles de trabalhadores e demonstrações atléticas, a cerimônia tinha seu ponto alto no discurso de Vargas, em que ele anunciava medidas relativas ao trabalho. Eram na verdade antigas reivindicações que ele tratava como concessão dos trabalhadores.

A criação e instituição do salário mínimo, por exemplo, em 1940, foi anunciada por Getúlio Vargas, numa comemoração de 1º de Maio como uma benesse do seu governo. O mesmo ocorre com a criação da Justiça do Trabalho no 1º de Maio do ano seguinte.

Em 1942, a festa ganhou um caráter nacionalista com a entrada do Brasil na II Guerra Mundial. Naquele ano, a grande atração foi um desfile militar reunindo cerca de 100 mil pessoas. Em 1943, todas as leis anunciadas são organizadas num único conjunto, a Consolidação das Leis do Trabalho – CLT.

A CLT fez com que os sindicatos se comprometessem com o Estado. Ele, o Estado, garantia a regulação das relações de trabalho, enquanto os sindicatos garantiriam uma assistência social do trabalhador. Isso fez com que os sindicatos sofressem um forte esvaziamento, mas Getúlio Vargas retomou em seu segundo mandato (1941 a 1945) a prática das grandes concentrações em 1º de Maio, desta vez como porta-voz destes sindicatos vazios.

Os comunistas, então, passaram a organizar sindicatos livres e combativos e retomaram nesse período o significado histórico da data. As palavras de ordem eram 1º de Maio de Luta pela Paz e Contra o Imperialismo, 1º de Maio pela Paz, das Liberdades , Contra a Carestia e pela Independência Nacional.

Com a destituição/suicídio de Vargas, em 1954, e até 1964, não era mais o Estado o promotor das comemorações do 1º de Maio. Uma parcela considerável do movimento sindical estava sobre controle do PTB (partido de Vargas) e ela é que se encarregava de promover as comemorações, ainda de caráter populista e com apoio do governo.

Oficialmente a data tornou-se feriado nacional a partir de 1925, quando o presidente Artur Bernardes baixou decreto reconhecendo o 1º de Maio como Dia do Trabalhador. Segundo o professor de história da Universidade Estadual de Maringá, Angelo Priori é certo que a instituição do feriado fazia parte de uma manobra dos políticos da Velha República para ficarem com méritos das lutas dos trabalhadores brasileiros. Entretanto, manobras à parte, é também uma vitória dos trabalhadores e o seu reconhecimento enquanto uma classe social que tem import