8 em cada 10 trabalhadores fazem hora extra
Complementar a renda familiar. Este é o motivo pelo qual 78% dos trabalhadores metalúrgicos, do comércio e serviços, químicos, transporte e vestuário cumprem jornada maior que as 44 horas semanais.
78% dos trabalhadores fazem hora extra
Oito em cada dez brasileiros fazem hora extra, a maioria para complementar a baixa renda familiar. É o que aponta estudo feito pelo Dieese, mostrando que 78% dos trabalhadores de diversos segmentos – metalúrgicos, comércio e serviços, químicos, transporte e vestuário – cumprem jornada maior que as 44 horas semanais estipuladas pela legislação. O levantamento mostra também que 60% do pessoal diz que faz extra para melhorar o salário ruim.
“Nós até compreendemos que o trabalhador faça hora extra porque ganhe pouco”, disse o presidente nacional da CUT, João Felício. “Mas, ao fazerem isso, retiram o posto de trabalho de outra pessoa”, acrescentou.
Projeto – Para combater o problema, a CUT se reúne com outras centrais sindicais e vai elaborar um projeto de lei que reduz a jornada de trabalho para 40 horas e limita as horas extras. Segundo Felício, a diminuição da jornada pode gerar 1,8 milhão de postos de trabalho. Já o fim das extras ou mesmo sua limitação poderia abrir mais de um milhão de vagas. Juntas, as duas medidas podem criar 2,8 milhões de empregos. Por isto, o combate às extras será uma das principais bandeiras de luta da CUT neste ano.
O dirigente adiantou que pretende conversar com os líderes dos partidos para aprovação da lei. “Vamos discutir no Congresso, falar com o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, e com o governo Lula. Sabemos que o problema de emprego no país está vinculado ao crescimento econômico, mas a limitação da jornada e das extras é uma questão humanitária”, concluiu Felício.
Saúde é prejudicada, diz OIT
A diretora da Organização Internacional do Trabalho no Brasil (OIT), Laís Abramo, destacou outra consequência prejudicial das extras, além de impedir o combate ao desemprego. “As pessoas no Brasil trabalham muito em todos os níveis e isso prejudica a saúde física e mental, a possibilidade de convivência familiar, as possibilidades de participação social, política e comunitária”, afirmou. Na pesquisa do Dieese, 43% dos trabalhadores afirmam sofrer de algum distúrbio por causa do excesso de trabalho, principalmente estresse e depressão.
Laís afirma que nos últimos anos houve um processo importante de queda do rendimento médio, o que levou o trabalhador às extras. “Mas todos os dados apontam que este processo de arrocho está se revertendo”, afirmou a dirigente da OIT.
“Existe no Brasil uma legislação a respeito das horas extras que tem que ser cumprida e que faz referência a adicionais. Se não é cumprida, é preciso acionar os mecanismos que existem com relação a isso”, falou Laís. Em sua opinião, as horas extras podem existir, mas é importante que não seja um abuso.