8. O golpe de 64

A intervenção no movimento sindical foi uma das faces do terror do golpe militar de 64. Muitas entidades foram fechadas, dirigentes presos e banidos e as greves proibidas. As cerimônias do 1º de Maio continuaram com o caráter oficial, com os discursos do governo sobre as virtudes e contribuição dos trabalhadores brasileiros para o desenvolvimento nacional, além dos benefícios que a “revolução” havia trazido.

Exemplo da primeira reação dos trabalhadores contra esse tipo de comemoração ocorreu quatro anos depois, em 1968, na Praça da Sé, em São Paulo, quando os trabalhadores cercaram e depredaram o palanque onde estava o governador Abreu Sodré.

Naquele ano chegava ao fim uma das mais graves recessões no País, que provocara um forte arrocho salarial. Dali em diante, o Brasil começaria a viver uma forte fase de crescimento econômico, o que trazia riscos à jornada de 8 horas diárias. Os patrões começaram a exigir horas-extras todos os dias. A jornada diária passa a ser composta mais ou menos assim nos anos 70: 8 horas de jornada normal, mais 1 hora e 36 minutos para compensação do sábado, duas horas-extras diárias e 8 horas-extras aos sábados e muitas vezes até aos domingos. A repressão violenta, o medo de perder o emprego e a recuperação das perdas anteriores obrigavam os trabalhadores ampliarem suas jornadas.

A reação dos trabalhadores veio em seguida. No Congresso de 1976, os metalúrgicos do ABC apresentaram uma pauta retomando a idéia das 8 horas diárias, o fim das horas-extras e o fim dos turnos de revezamento.

O fim das horas-extras ganhou importância tamanha que a categoria conseguiu fazer um boicote para impedir que as fábricas montassem estoques. Era uma condição preliminar para o sucesso da primeira greve geral da categoria, em 1979.

Em 1978, a categoria também passou a divulgar que “o 1º de Maio não era um dia de festa, mas sim de luto e de luta”, motivo pelo qual não promoveu nenhuma comemoração naquele ano.

Em 1979 e 1980, os metalúrgicos conseguem reerguer o 1º de Maio com o ponto de vista definitivo sobre a visão classista e de oposição do regime militar. O 1º de Maio de 1980, especialmente por que conseguiu reunir apoio de toda a sociedade, inclusive da parcela pelega do movimento sindical, em solidariedade a mais longa greve geral da categoria.

Estes ingrediente sepultaram de vez o tipo de comemoração promovido pelo governo Vargas e pela ditadura militar. O Dia do Trabalhador voltou à mesma dimensão que o originou e colocou-se fim à idéia de um feriado comum. 

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