Sérgio Nobre afirma que só mobilização e negociação vão garantir empregos na Mercedes

Mais de sete mil trabalhadores na Mercedes-Benz, em São Bernar­do, aprovaram comprometimento de luta pelo emprego e produção na montadora com paralisações e passeatas. A assembleia aconteceu no último domingo, dia 15, na Sede do Sindicato.

“Estamos em estado de alerta permanente e preparados para dois movimentos importantes. Mesa de negociação, para discutir alternativas para a fábrica, e mobilização, que asse­gure os empregos dos trabalhadores”, enfatizou o secretário-geral da CUT e CSE na Mercedes, Sérgio Nobre.

O dirigente alertou os compa­nheiros que não faltará competên­cia da militância da categoria nem disposição para a luta. “O processo será longo, mas vitorioso. Não acre­ditem em boatos. Nestes momentos, a fábrica deixa de ser produtora de caminhões, para ser produtora de fofocas. Isso não ajuda a nossa luta e, muitas vezes, estes boatos são implantados pela própria empresa.

O único canal de informação é a representação dos trabalhadores”, analisou Sérgio Nobre.

Problema é grave

O diretor de Comunicação do Sindicato e também membro do CSE na Mercedes, Valter Sanches, afirmou que a empresa não vai as­sistir a sua participação no mercado cair sem atacar as condições de tra­balho dos companheiros.

“Nosso Sindicato tem responsa­bilidade com todos os empregos da base e atuamos muito para discutir com o governo medidas e reaquecer o mercado de caminhões, que teve um revés”, disse Sanches.

“Há dez anos, a Mercedes tinha 35% de participação no mercado, hoje tem 25%. Nós temos, pelo menos, mais cinco montadoras de caminhões que estão anunciando novos investimentos no Brasil e construindo fábricas para dividir o mercado brasileiro que é atraente”, completou.

 Sanches analisou ainda que o problema é muito grave e a cate­goria tem que estar preparada. “A pior coisa que pode acontecer são os companheiros de determinadas áreas acharem que estão seguros. Mas não estão, e todos podem ser prejudicados. Vamos discutir o que for necessário para reduzir custos, melhorar a competitividade da em­presa, mas não sai nenhum parafuso desta fábrica que não seja negociado e tenha outro para repor no lugar”, concluiu Sanches.

Regime automotivo

Já o presidente do Sindicato, Rafael Marques, lembrou que o de­bate na Mercedes veio no momento em que o Brasil tem um regime au­tomotivo que é mérito dos Metalúr­gicos do ABC. “Hoje fazemos uma luta pelo conteúdo local de peças e sabemos que as montadoras pressio­nam o governo para retardar a ras­treabilidade de conteúdo nacional, que não interessa a eles”, explicou o presidente.

Rafael citou que só em 2013 a compra de peças importadas pelas montadoras e sistemistas aumentou em 21%, mas a venda de carros im­portados caiu 15%. “Isso aconteceu porque o regime automotivo já tem regras para a importação, mas não tem regras para conteúdo local. E is­so tem que mudar para que haja um revigoramento da cadeia automotiva como um todo”, disse.

Durante a assembleia, o dire­tor de Administração do Sindicato, Teonílio Monteiro da Costa, o Bar­ba, avisou aos trabalhadores que a primeira resposta que a categoria tem que dar contra a empresa é or­ganização com mobilização. “Nossa categoria está em estágio avançado para construir sem reduzir direitos dos trabalhadores e negociação que consiga viabilizar ainda algumas coisas que a empresa quer, como nós conseguimos fazer na Ford com sucesso”, contou Barba, que também é CSE na Ford.

Da Redação