80% dos metalúrgicos em campanha no ABC pararam
Recado foi dado pelos trabalhadores na paralisação de um dia para pressionar patrões na Campanha Salarial
Paralisações pelas fábricas |
Todos os trabalhadores nas 50 maiores empresas dos setores que participam da Campanha Salarial 2012 na base cruzaram os braços nesta segunda-feira (10), na greve de advertência de um dia, feita pela categoria para pressionar os patrões a apresentarem uma proposta decente na mesa de negociações.
A mobilização foi considerada extremamente positiva pelo vice-presidente do Sindicato, Rafael Marques, já que os companheiros nestas fábricas representam em torno de 80% dos Metalúrgicos do ABC em campanha.
“Com a adesão maciça ao movimento atingimos nosso objetivo de pressionar os patrões”, comentou Rafael. “Prova disso é que vários empresários já estão nos procurando propondo acordos separados”, afirmou.
“Só que não estamos aceitando negociar separados da FEM-CUT e orientamos quem nos procura a pressionar seu grupo patronal a apresentar uma proposta ao conjunto dos metalúrgicos do Estado na mesa de negociações, assim todos os companheiros serão beneficiados igualmente”, prosseguiu o dirigente.
O Sindicato faz isso apesar de saber que várias empresas já se disponibilizaram a conceder aos demais metalúrgicos do ABC o reajuste que a categoria conquistou nas montadoras.
“De toda forma, essa movimentação deles é um bom sinal, pois mostra que os patrões começaram a se mexer e abandonaram o marasmo em que estavam até agora”, avaliou Rafael.
“Tenho certeza que o ambiente estará bem melhor para os trabalhadores quando as negociações forem retomadas nos próximos dias”, concluiu o vice-presidente do Sindicato.
Patrões provocaram a paralisação
As assembleias desta segunda-feira aconteceram na entrada do turno das 6h, quando a proposta de greve por um dia era apresentada e, imediatamente, aprovada em todas as fábricas. A seguir os trabalhadores deixavam a fábrica.
Em poucas empresas foram realizadas assembleias também às 14h, pois na maioria delas os companheiros já tinham sido avisados da paralisação.
“As manifestações foram pacíficas porque os trabalhadores estavam organizados e entenderam que a mobilização era necessária para pressionar os patrões”, disse Nelsi Rodrigues, o Morcegão, coordenador de São Bernardo.
Ele fez questão de destacar a participação de trabalhadores nas montadoras nos atos nas portas de fábricas, mesmo com seus reajustes garantidos pelo acordo feito para 2011 e 2012. “A solidariedade é tradição na nossa categoria”, lembrou.
Já o coordenador da Regional Diadema, David Carvalho, salientou a disposição de luta dos Metalúrgicos do ABC contra a intransigência dos patrões.
“A greve foi motivada pelos próprios empresários, que não apresentaram propostas razoáveis nas rodadas de negociações”, denunciou.
“Alguns tiveram a cara de pau de propor reajuste abaixo da inflação”, contou o dirigente. “Esperamos que com o nosso movimento, os patrões voltem para a mesa de negociações com propostas que atendam as expectativas dos trabalhadores”, concluiu David Carvalho.
O coordenador da Regional Ribeirão Pires e Rio Grande da Serra, Hélio Honorato, o Helinho, contou que eles centraram suas ações na Dura, a maior fábrica da área, e nesta terça (11) retomam a mobilização nas demais grandes empresas nas duas cidades.
Sérgio Nobre critica falta de proposta decente
“O Sindicato não foge de fazer todos os debates necessários sobre a conjuntura econômica e suas consequências sobre os trabalhadores. O que não podemos admitir é que propostas decentes não tenham ainda sido feitas pelos patrões. Acreditamos que a negociação é o melhor caminho, mas a manifestação de segunda deve ser entendida como demonstração de disposição de luta dos metalúrgicos do ABC por um acordo decente”.
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Da Redação