Os 100 anos da Revolta da Chibata
Centenário coincide com comemorações pelo Dia da Consciência Negra
O centenário da Revolta da Chibata, que teve como líder o marinheiro João Cândido, depois conhecido como Almirante Negro, coincidiu com as comemorações do Dia da Consciência Negra.
A Revolta, em 22 de novembro de 1910, foi o desfecho de um processo de luta por melhores condições de trabalho e pelo fim dos castigos físicos na Marinha.
Em novembro de 1910, o marinheiro negro João Candido servia no encouraçado (embarcação de guerra) Minas Gerais.
Durante uma viagem, um de seus companheiros foi castigado com 25 chibatadas por desobedecer ordens. Embora fosse costume da Marinha usar a chibata para esse tipo de infração, o episódio provocou indignação da tripulação e detonou o movimento.
Marinheiros se rebelaram e assumiram embarcações.
Crédito: Fundação Biblioteca Nacional
Traição
Tripulações de outros navios também se rebelaram e por quatro dias ameaçaram bombardear o Rio de Janeiro caso suas reivindicações não fossem atendidas.
Além da abolição dos castigos corporais, os marinheiros exigiam aumento de salário, redução da jornada de trabalho e a anistia aos revoltosos.
A rebelião terminou com o compromisso de o governo atender a pauta.
O governo, no entanto, não cumpriu o trato sobre a anistia. Traídos, os marinheiros foram presos e torturados.
João Cândido foi um dos que mais sofreu perseguições.
Canhões das embarcações assumidas foram voltados em direção à cidade do Rio.
Crédito: Fundação Biblioteca Nacional
Homenagens
Sua vida após a prisão também foi dura em função da perseguição que sofreu por parte da Marinha. Seu enterro, em 1969, no Rio de Janeiro, foi fortemente vigiado por militares.
Em 1975, Aldir Blanc e João Bosco homenagearam João Cândido com a música Mestre sala dos mares, censurada pelo governo militar da época.
A anistia do governo só veio 39 anos após a morte do marinheiro, em 2008 e não tratou apenas de reparar uma injustiça, mas serviu também de reconhecimento pela liderança de um importante episódio de luta por direitos.
Mais recentemente, a primeira embarcação da nova frota de navios comprada pela Petrobras recebeu o nome de João Cândido e foi batizada em cerimônia liderada pelo presidente Lula.
Da Redação