Mês da consciência negra: Desigualdades raciais no Brasil continuam enormes

Melhorias econômicas, sociais e educacionais reduziram mas não eliminaram a imensa desigualdade no país

Apesar de nos últimos anos ter melhorado a situação do negro em termos econômicos, sociais e educacionais, as desigualdades entre negros e brancos no Brasil continuam enormes.

“As diferenças persistem em praticamente todos os indicadores socioeconômicos”, afirma a professora Luiza Rosas, da USP.

Ela diz que se o Índice de Desenvolvimento Econômico, que considera critérios como educação, salário e expectativa de vida forem separados por grupo racial, haverá um abismo entre o Brasil negro e o Brasil branco.

Políticas afirmativas
“Os brancos ficariam em 46º lugar e os negros em 107º lugar. É pior do que os índices de todos os países africanos”, comenta.

Luiz Rosas defende a política de cotas para negros nas faculdades e a criação de outras políticas afirmativas, pois entende que as desigualdades raciais não serão superadas com as políticas tradicionais de inclusão social.

ProUni beneficia negros
Nos últimos dez anos, dobrou o número de negros no ensino superior. Mas, apesar desse aumento, os negros representam apenas um terço dos estudantes brancos nas faculdades.

Em 1999, 4,6% de negros tinham curso superior diante de 9,8% de brancos. No ano passado, o percentual de negros subiu para 10% ante 15% de brancos.

Para José Jorge de Carvalho, professor da Universidade de Brasília, o que mais contribuiu para esse aumento foi o ProUni (Programa Universidade para Todos), que oferece bolsas em faculdades particulares.

Tese derrubada
Estudo do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) mostra que os negros que entram nas faculdades públicas em razão das políticas afirmativas têm desempenho igual ou melhor que os não-cotistas.

“O estudo derruba a tese de que os alunos beneficiados pelas cotas não estariam preparados para cursar o ensino superior”, ressalta Cláudio Teixeira, o Zuza, coordenador do Coletivo de Igualdade Racial do Sindicato.

Mídia esconde racismo
Os meios de comunicação, no entanto, vêem o racismo e a discriminação como assuntos secundários. Pesquisa feita pelo professor Dennis de Oliveira mostra que a mídia trata o racismo como uma manifestação individual de pessoas e não um problema da sociedade.

“Para a mídia, se o negro se esforçar, estudar e trabalhar duro ele consegue vencer e superar as dificuldades, pois suas dificuldades não são um problema da sociedade e sim do próprio negro”, critica.

Da Redação