Projeto Leitura nas Fábricas é lançado em Diadema

Iniciativa pioneira levará cultura para as metalúrgicas da cidade

Raquel Camargo

Programa pretende estimular a leitura dos trabalhadores

No passado, para ler a Tribuna nas fábricas, os trabalhadores precisavam esconder o jornal dentro das próprias roupas. Hoje a história mudou muito. Fortalecida, a luta sindical colhe o que plantou no passado e garante o direito à cultura para os trabalhadores. Foi o que lembrou o vice-prefeito de Diadema, Gilson Menezes, durante o lançamento do projeto “Leitura nas Fábricas”, nesta sexta-feira (11), que disponibilizará, de início, seis mil e quinhentos livros em 10 pontos de leitura dentro de fábricas de Diadema.

O projeto, que faz parte do programa do Governo Federal “Pontos de Cultura”, é pioneiro. Pela primeira vez houve a iniciativa de implantar o projeto dentro de fábricas, para estimular a leitura entre os trabalhadores.

Para Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, o “Leitura nas Fábricas” vem afirmar que é preciso que os movimentos sindicais olhem para além dos muros das fábricas e se preocupem com as questões sociais como um todo. “Percebe-se que a dificuldade de leitura acontece pelos altos preços e pela falta de tempo. Por isso, a grandiosidade deste projeto que leva o livro para dentro do local de trabalho”, afirmou.

Em parceria com o nosso Sindicato, Prefeitura de Diadema, Ministério da Cultura, o dos Químicos do ABC, dos trabalhadores na Construção Civil, 10  empresas da cidade (Apis Delta, Delga, IGP, Autometal, Legas, Papaiz, Uniforja, TRW, Uniferco e Metalpart) instalarão espaços para leitura dentro das fábricas. Cada ponto conta com um kit de 650 livros e um computador. Estima-se que a iniciativa atenderá cerca de 5 mil trabalhadores e 20 mil pessoas, contando com as famílias.

A iniciativa partiu da prefeitura da cidade, durante um seminário sobre literatura, onde os presentes firmaram a meta de transformar Diadema em uma “cidade de leitores”. À partir de então, em parceria com o Sindicato, o projeto foi construído e apresentado ao Ministério da Cultura.

Para o prefeito de Diadema, Mario Reali, a proposta tem uma dimensão muito maior que o âmbito municipal. “O debate central do projeto é criar um sistema nacional de cultura e Diadema está sendo pioneira nisso”. Reali ainda destacou a importância do trabalhador, não só, em sua formação profissional, mas para transformar a sociedade.

Estímulo
Presente no evento de lançamento do projeto, o representante do Ministério do Cultura, Fabiano dos Santos, que é Diretor Nacional do Livro e da Leitura do Ministério da Cultura, disse que a iniciativa de Diadema foi importante para estimular parcerias semelhantes pelas cidades.”O programa “Leitura nas Fábricas” foi concretizado como lei e isso dá um fortalecimento maior ao projeto”, afirmou.

Ainda segundo o diretor, antes do governo Lula o investimento do país em leitura era de 6 milhões/ano e em 2008 chegaram a 100 milhões, demonstrando a dimensão de projetos como este .

O valor inicial que o Ministério da Cultura disponibilizou para o projeto foi  R$1,4 milhão, que será destinado tanto aos pontos de leitura quanto à modernização de 11 bibliotecas e a implantação de agentes de leitura nas comunidades.

Mas a iniciativa não para por aí. Até agora, 10 fábricas de Diadema já fazem do programa, mas a meta é que este número chegue a 50 fábricas. Para isso, o Ministério da Cultura propôs que a prefeitura de Diadema apresente uma proposta de extensão do projeto para fábricas de toda a região.

Uma audiência com o Ministro da Cultura, Juca Ferreira, será realizada para tratar do assunto.

Segundo o coordenador da Regional de Diadema e coordenador do projeto nas fábricas, David Carvalho, no dia 21 deste mês os agentes de leitura farão uma reunião para definir a agenda de lançamento dos pontos de leitura.