Movimento denuncia genocídio de população negra e pobre em São Paulo
Documento que relata violência contra negros será entregue hoje (6) ao Ministério Público, OAB, Arquidiocese de São Paulo de governo do estado
Um dossiê com relatos de torturas e assassinatos de jovens negros e pobres pela Polícia Militar do estado de São Paulo será entregue nesta terça-feira (6), pelos Movimentos Negros e Sociais de São Paulo ao Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Arquidiocese de São Paulo e ao governo do estado de São Paulo. A iniciativa é chamada de “Dia de denúncia do genocídio da população negra e pobre de São Paulo”.
No documento, os militantes também pedem o afastamento do Secretário de Segurança Pública, Antonio Ferreira Pinto, e do comandante geral da Polícia Militar, coronel Álvaro Camilo, além de explicação quanto a violência sistemática da PM contra a juventude negra.
“Entendemos que essa é uma política de estado, de matar a juventude negra”, acusa Milton Barbosa, do Movimento Negro Unificado, em entrevista à Rede Brasil Atual. “Eles estão numa ação (sic) de extermínio da juventude negra, torturando, batendo, aquelas coisas que toda a sociedade já conhece”, descreve.
Em novembro do ano passado, representantes do movimento negro paulista já haviam denunciado violações de direitos humanos por parte da PM de São Paulo à Secretaria de Justiça e Cidadania, Ministério Público, Procuradoria Geral de Justiça, Defensoria Pública e Assembleia Legislativa.
Em nota, a União de Núcleos de Educação Popular para Negros e Classe Trabalhadora (Uneafro) atribui as mortes de dois jovens motoboys negros em 9 de abril de 2010 “à omissão e culpa do Estado em relação a torturas e assassinatos” da PM paulista. Os casos citados são os mais recentes do que as entidades consideram como uma série.
Para Douglas Belchior, da Uneafro, a entrega do dossiê a diversas órgãos públicos e entidades de defesa dos direitos humanos “visa pressionar o governador Goldman a se pronunciar publicamente sobre as chacinas patrocinadas pela PM”. “Vamos mobilizar toda a sociedade em defesa da vida. Não é possível tolerar assassinatos promovidos por aqueles que deveriam garantir a nossa segurança”, defende o ativista.
O dossiê também foi encaminhado a tribunais internacionais como Organização dos Estados Americanso (OEA) e Organização das Nações Unidas (ONU).
Com Rede Brasil Atual