13 de Maio, dia de denúncia!
Contra práticas racistas, data marca o fim da escravidão no Brasil
Raquel Camargo
Para Zuza, o 13 de maio é um dia de denuncia das práticas racistas que ainda persistem no dia-a-dia
Hoje, 13 de Maio, completam-se 122 anos da assinatura da Lei Áurea, que acabou com a escravidão no Brasil.
Para o movimento negro, a data não é representativa. “A abolição é um ato que aparece como uma concessão governamental como se a princesa, num gesto de boa vontade, libertasse os escravos. Para o movimento negro, isso sempre pareceu uma bofetada na cara”, comentou a historiadora Maria Aparecida de Aquino, professora da USP.
A partir da década de 70, o movimento negro, a partir de sugestão do poeta Oliveira Silveira, elegeu o 20 de novembro como sua principal data, dia da morte de Zumbi dos Palmares. “Quando se faz essa transferência de uma data para outra você dá força ao que representa alguém que morreu lutando”, explica a historiadora. A partir daí, o 13 de Maio foi renomeado como Dia Nacional de Denúncia contra a Discriminação Racial.
Para o coordenador do Coletivo de Igualdade Racial do Sindicato, Cláudio Teixeira, o Zuza, é um dia de denúncia das práticas racistas que ainda persistem no dia-a-dia.
“Só no último mês, dois jovens negros foram brutalmente assassinados, espancados até a morte por policiais que viram em sua cor uma justificativa para o crime. Foram crimes raciais”, denuncia.
Ele lembra que as estatísticas mostram que de cada 100 jovens mortos, 87 são negros. “Parece que para os negros a pena de morte é institucionalizada”, diz Zuza.
Ele comenta que muitos avanços ocorreram no governo Lula, com a criação da Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial, a nomeação de ministros e ministras negros e o pedido de desculpa, em território africano, pelos crimes de lesa-humanidade que o Estado e as elites brasileiras praticaram contra os africanos.
“Mas, muito ainda precisa ser feito para que se possa afirmar que negros e brancos têm oportunidades e são tratados de maneira igualitária em nosso País”, conclui Zuza.