Ministro Vannuchi diz que não quer jogar ninguém na masmorra

Para ele, o 3° Programa de Direitos Humanos incomoda porque traz à tona a possibilidade de reverter a impunidade na história recente do Brasil

 O ministro da Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Paulo Vannuchi, disse hoje (27) que a criação da Comissão da Verdade, prevista no Programa Nacional de Direitos Humanos, não tem a intenção de “jogar na masmorra” os envolvidos com crimes contra os direitos humanos durante a ditadura militar.

Em debate durante o Fórum Social Mundial, Vannuchi disse que o plano, que chegou a causar uma crise no governo, pretende garantir a memória do que aconteceu na ditadura e evitar que o período seja esquecido.

“A discussão não é revanchista, ninguém está preocupado em jogar ninguém na masmorra para que morra lá. O que se quer é jogar luz, conhecer para não deixar acontecer nunca mais”, disse.

Vannuchi disse que o Programa de Direitos Humanos incomoda porque trouxe à tona a possibilidade de reverter a impunidade na história recente do país.

“A reação que houve não é uma coincidência, não é por acaso. O que há de referência ao aborto, à união civil entre pessoas do mesmo sexo, com a possibilidade de adoção, a proposta de ranking das matérias de imprensa, toda essa caminhada faz parte de uma formação histórica. A comissão talvez tenha puxado um fio da mãe de todas as impunidades.”

O ministro criticou a cobertura da imprensa sobre o programa e disse que chegou a ser chamado de terrorista. “Uma revista disse que o que não consegui com o revólver estava tentando conseguir com a caneta. Houve pequenas características de linchamento, mas sobrevivemos.”

Apesar da polêmica, Vannuchi disse que não pretende reagir “com o mesmo espírito de ataque” com o que foi tratado por instituições, entidades e até autoridades do governo, nos últimos meses, por causa do programa. “Seria péssimo levar isso com mal humor, com mágoa e é preciso perseverar na tarefa de mostrar o que são os direitos humanos.”

. Johnson

Trabalhadores param e exigem respeito

Uma parada na produção por quase quatro horas, ontem pela manhã, foi a resposta da companheirada na F. Johnson, em Diadema, à demissão de uma trabalhadora com estabilidade. O ato também foi um protesto contra as condições de trabalho na empresa.

A companheira sofre de LER/DORT no ombro esquerdo, contraída no trabalho. Ela já passou por cirurgia e esteve afastada pelo INSS nos últimos meses.

Por tudo isso, sua estabilidade no emprego está garantida por nossa convenção coletiva e por lei. Porém, no seu retorno à F. Johnson no último dia 18, a metalúrgica foi demitida arbitrariamente.

“É uma fábrica que comete muitas injustiças”, denunciou Claudionor do Nascimento, diretor do Sindicato. “Por isso nossa manifestação foi muito positiva. O pessoal se uniu e decidiu manter a mobilização até a fábrica rever a demissão e atender nossas reivindicações”, completou.

Pauta

Segundo o dirigente, os principais pleitos dos trabalhadores são relação de respeito por parte da fábrica e que a empresa cumpra a legislação trabalhista e a convenção coletiva do Grupo 8, do qual faz parte.

“Dia desses, uma companheira foi reclamar uma diferença em seu salário e acabou advertida por insubordinação”, relatou Claudionor, dizendo que posições autoritárias como essa são comuns.

Os trabalhadores querem ainda negociar a PLR, prática que não existe na fábrica, refeição no local de trabalho e horas extras pagas no holerite e não à parte.

“O pessoal mostrou muita consciência em se solidarizar à trabalhadora demitida e em se mobilizar por seus direitos”, finalizou o dirigente.

 

 Da Agência Brasil