Trabalho e prazer
A gestão pelo estresse já mostrou suas graves consequências em relação ao adoecimento psíquico e seus reflexos na saúde porque tem como principais focos o estabelecimento de metas sempre maiores, a avaliação por competência e a subjetividade do desempenho no trabalho imaterial. Além disso, outro componente importante merece ser discutido.
Insegurança no emprego
De acordo com vários autores, entre eles Christophe Dejours, a inexistência de uma estabilidade, ainda que limitada, na relação do trabalhador com a empresa, determina um aumento da carga psíquica e suas inevitáveis repercussões viscerais e musculares. As pessoas necessitam de terrenos propícios para a criação de raízes. São essas raízes que permitem o desenvolvimento de competências, os vínculos afetivos, a criatividade, a recompensa e a satisfação com o trabalho que se faz.
Sem raízes não se consegue estabelecer um mínimo de equilíbrio necessário à manutenção da saúde psico-somática. Sem raízes, também não há como estabelecer apego, desejo, motivação duradoura, envolvimento e comprometimento.
Interessante notar que essas coisas são perseguidas pela gestão e organização do trabalho e custam fortunas em programas de recursos humanos.
Ainda assim não funcionam. As empresas deixam claro que, hoje, ninguém mais está seguro no emprego e agem de forma a não permitir a criação de raízes consistentes no ambiente de trabalho.
Outra postura
Para atingirmos qualidade e produtividade é preciso transformar o trabalho fatigante e estressante em um trabalho equilibrante. Isso significa flexibilizar a organização e a gestão, para possibilitar ao trabalhador rearranjar seu jeito de trabalhar, de forma a conseguir mais prazer e diminuir sua carga psíquica.
Mais do que aptidões profissionais, é o prazer e a satisfação que caracterizam um trabalho saudável e decente.
Departamento de Saúde do Trabalhador e Meio Ambiente