Trabalho e Cidadania – Três anos aproximando categoria e Sindicato

No curso o metalúrgico do ABC é liberado por um dia de seu emprego para conhecer o Sindicato, sua forma de organização e história. O Presidente do Sindicato, Rafael Marques, comparou o espaço conquistado pelos metalúrgicos há três anos com o reivindicado pelas manifestações feitas nas ruas.

 

Comemoração começou nesta segunda-feira com a presença do presidente do Sindicato

 

“Aprendi mais do que ensinei ”, diz coordenador do programa

Há três anos, em uma iniciativa inédita no Brasil, o Sindicato lançava o Programa Trabalho e Cidadania, organizado para aperfeiçoar sua relação com os trabalhadores da base.

O Programa dá continuidade a um processo que os Metalúrgicos do ABC começaram no final dos anos 1970, quando a categoria abandonou a estrutura burocrática que dominava os sindicatos para ficar mais perto dos companheiros nas portas das fábricas.

O curso Trabalho e Cidadania é um programa de formação, onde o metalúrgico é liberado por um dia para conhecer o Sindicato, sua forma de organização e história.

Depois de quase 200 encontros com trabalhadores de diversas empresas, o coordenador do Programa, Walter de Souza Filho, o Souza, do CSE na Mercedes, contou à Tribuna o que mais chamou sua atenção nestes anos do curso.

Tribuna Metalúrgica –
O que representa o Trabalho e Cidadania para a categoria?

Walter Souza –
É a conquista de um espaço democrático, onde o trabalhador pode falar o que quiser, sem temer represálias.

TM – Dê um exemplo.
 
WS –
Teve um companheiro que antes de participar achava que o Sindicato atrapalhava o trabalhador e, após o curso, percebeu que falando mal do Sindicato falava mal dele mesmo.

TM – O que houve para ele mudar de opinião?

WS – Ele percebeu que o Sindicato não é um prédio, que o Sindicato são os trabalhadores. É um sentimento de pertencimento, de fazer parte.

TM – O que o Programa tem de especial para o trabalhador se sentir parte do Sindicato?

WS – A liberdade. Quando estão aqui, longe da fábrica, os companheiros não têm chefes, nem patrões e se sentem à vontade para dizer o que pensam.
TM – Isso é um diferencial do curso?
 
WS – É sim. Essa mudança de ambiente, a sala com cadeiras dispostas em ‘U’, como um trabalhador já citou para nós, e, principalmente, a troca de experiências, entre eles.

TM – Como é essa troca?

WS – Vou dar um exemplo. Um companheiro jovem na Itaesbra disse que sempre ouvia falar nas greves que mobilizaram todo o ABC nos anos 1970, mas nunca conhecera alguém que tivesse participado de uma delas.

Aqui no curso, coincidentemente, ele teve a oportunidade de conversar com um companheiro na Ford que participou daquelas mobilizações e contou para nós como foi aquele período. Isso tudo é muito enriquecedor.

TM – Que outro relato você destacaria?

WS – O de um companheiro que comparou o uso da ‘Tereza’, aquela corda cheia de graxa que servia antigamente para tirar a peãozada da fábrica nas greves e que muita gente não gostava, com a lei que impede o motorista de dirigir sem o cinto de segurança.

Segundo ele, uma ação que nos obriga a fazer algo pelo nosso próprio bem.

TM – Que balanço você faz destes três anos do Trabalho e Cidadania?

WS – Aprendi mais que ensinei. O curso é transformador.

Proximidade beneficia a organização e amplia conquistas

As comemorações pelos três anos do Programa Trabalho e Cidadania, completados em 20 de julho, aconteceram na última segunda-feira e ontem.

Para festejar a data, o presidente do Sindicato, Rafael Marques, participou do curso. “Temos muito que comemorar”, disse ele durante a atividade.

“Quando pensamos em realizar esse curso queríamos compartilhar um pouco da história do Sindicato, ouvir críticas, dialogar com os trabalhadores”, relembrou Rafael. “E fico muito feliz em ver que estamos atingindo nossos objetivos”, prosseguiu.

“O Trabalho e Cidadania é o aprimoramento do modelo sindical dos Metalúrgicos do ABC, que começa na organização no local de trabalho com representantes dentro das empresas e prossegue fora das fábricas, com a atuação dos trabalhadores na sociedade”, destacou o dirigente.

Vozes das ruas

Rafael comparou o Programa às manifestações de rua da juventude que agitaram o País no mês passado. “Esse espaço que a categoria conquistou há três anos é o espaço que os jovens reivindicam nas ruas. Um local que atende as pessoas que querem ser ouvidas, que querem participar”, analisou.
 
“E isto acontece aqui no Trabalho e Cidadania para nossa alegria, pois nós, do Sindicato, também queremos mais jovens participando das nossas atividades”, concluiu Rafael.

Da Redação