Político baixa o nível contra redução da jornada semanal para 40 horas
Para o deputado Nelson Marquezelli, trabalhador com a jornada menor irá para o boteco encher a cara
A luta pela redução da jornada de trabalho sem redução de salários se apresenta como uma das principais bandeiras para os trabalhadores neste segundo semestre.
Muito já falamos sobre os benefícios que essa conquista deverá representar para os trabalhadores e como a luta para alcançá-la deverá ser dura.
Um exemplo de como os patrões enxergam o tema e o debatem de forma preconceituosa foi dado pelo deputado Nélson Marquezelli (PTB-SP), cuja declaração reproduzimos aqui: “Se você reduzir a carga horária, o que vai fazer o trabalhador?
Eles [os sindicalistas] dizem: vai para casa para ter lazer. Eu digo: vai para o boteco, beber álcool, vai para o jogo. Não vai para casa. Então, aí é que está o mal: ele gastar o tempo onde ele quiser, se nós podemos deixá-lo produzindo para a sociedade brasileira”.
O argumento usado por este parlamentar é do mesmo teor que os defensores da escravidão utilizavam ao dizer que o fim da escravidão iria afetar a economia, aumentar os custos e prejudicar os produtos brasileiros. Além disso, questionavam o que fariam os negros com o tempo livre fora do trabalho.
Vejam que, passado mais de um século após o fim da escravidão, o pensamento dos patrões pouco mudou. Soma-se a isso o ataque à redução da jornada, que certamente virá, por boa parte da grande imprensa, sempre atenta aos interesses do capital.
Aumento na qualidade de vida, mais tempo para a família, o lazer, o descanso, a formação pessoal. Parece que essas possibilidades não agradam muito ao deputado.
A história de conquistas da classe trabalhadora não se fez por benevolência do poder. A luta pela redução da jornada sem redução de salários é uma disputa de classes e a vitória só ocorrerá com intensa mobilização.
Departamento de Formação