Meio ambiente

Junho foi destacado como mês internacional do meio ambiente. No Brasil, muitos disseram: nada a comemorar. Com razão, se levarmos em conta fatos que deram ao tema centralidade no debate político nacional nas últimas semanas.
O primeira deles, e talvez o mais polêmico, foi a aprovação pelo congresso da Medida Provisória que regulariza a propriedade da terra na Amazônia. Foram também divulgados dados sobre o modelo de desenvolvimento que está se expandindo pela região, com base no desmatamento, queimadas e formação de pastagens para a pecuária, atividade que tem levado a um esgotamento rápido da fertilidade do solo.
O Brasil passou para a posição de quinto país que mais contribui para o aquecimento global devido, principalmente, ao aumento da emissão de gás carbono provocada pelas queimadas. A derrubada de árvores provoca efeito semelhante, por impedir que “limpem” a atmosfera
com a captura que fazem de gás carbono.
Existe uma relação clara entre os fatos apontados.
Pesquisas feitas pelo Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, abrangendo 286 municípios, mostram que os benefícios gerados pelas novas atividades econômicas duram entre 12 a 16 anos, quando acaba a exploração da madeira e a produtividade da pecuária.
Depois do ciclo passageiro de crescimento, restam a paisagem de devastação, a pobreza do solo e da população, a violência.
Para grileiros e donos do agro-negócio, no entanto, o que interessa são os lucros que poderão obter com apropriação de recursos públicos (terras tomadas da União) e com a atividade econômica predatória. E é isto que está em jogo na polêmica medida de regularização
fundiária. Ela irá permitir que 67,4 milhões de hectares de terras da União – o equivalente à soma dos territórios da Alemanha e Itália – sejam doados ou vendidos sem licitação, até o limite de 1.500 hectares.
Resta esperar que o Presidente da República vete os artigos da medida que legalizam este assalto ao patrimônio público. A nação e o meio ambiente agradecerão.

Departamento de Formação