JAC planeja produzir caminhão no país
Presidente do conselho de administração da JAC Motors, o executivo chinês An Jin afirmou que a montadora tem planos de produzir veículos comerciais no Brasil. “Além de carros de passeio, vamos fabricar caminhões leves. É um mercado muito grande”, disse o executivo. Segundo ele, os detalhes sobre a nova empreitada da montadora serão definidos durante o período de construção da fábrica da JAC na Bahia, iniciado oficialmente na segunda-feira, quando foi lançada a pedra fundamental da unidade em Camaçari.
A expectativa é de que os primeiros carros nacionais da JAC cheguem ao mercado em outubro de 2014. Até lá, a empresa vai utilizar as cotas de importação disponibilizadas no novo regime automotivo vigente no país, o Inovar Auto, para manter seus carros no mercado nacional. Pelas novas regras, a JAC poderá importar, no máximo, 25 mil veículos por ano, volume próximo do que a empresa vendeu no Brasil em 2011. O número representa 25% da capacidade total da fábrica baiana, de 100 mil unidades anuais.
Segundo An Jin, a decisão de investir no Brasil foi tomada no dia em que a JAC vendeu seu primeiro carro por aqui. “Ali percebemos que seria necessário uma fábrica para um projeto de longo prazo. Ao mesmo tempo, as novas regras do setor impulsionaram a decisão”, admitiu o presidente do conselho da JAC, fundada em 1964 e que produz hoje 1,3 milhão de veículos por ano. “O Brasil tem um dos maiores mercados do mundo e tem grande potencial de crescimento”, completou.
Questionado sobre as desconfianças do consumidor brasileiro em relação ao automóvel chinês, An Jin disse que a JAC vai trabalhar duro para se tornar uma marca respeitada e consolidada. Disse, no entanto, que não poderia responder pelas demais montadoras de seu país. “Se trabalharem duro e investirem, vai dar certo”, recomendou.
Otimismo
O executivo riu quando foi perguntado sobre suas principais preocupações acerca da operação brasileira, diante de entraves como carga tributária e infraestrutura precária. Diplomático, disse inicialmente ter esperança. “Esperança de que as regras sejam sempre confiáveis e claras; e esperança de que o governo da Bahia e a Prefeitura de Camaçari ajudem a criar o ambiente de negócios ideal para a parceria.”
Serão montados na fábrica na Bahia três versões do modelo que substituirá o J3, primeiro carro trazido pela empresa, em 2011. Segundo Habib, o veículo terá três opções de motorização (1.0, 1.4 e 1.5) nos formatos hatch, sedã e “cross”. O primeiro a sair da nova fábrica será o hatch, que terá preços entre R$ 30 mil e R$ 40 mil.
O projeto da fábrica prevê a chegada de doze sistemistas, como são conhecidos os fornecedores que se instalam junto à montadora. Habib informou que está negociando com empresas brasileiras e chinesas, mas que nenhum acordo foi fechado até o momento. A expectativa é que os contratos sejam assinados até junho do ano que vem. An Jin disse que se os fornecedores brasileiros oferecerem boas condições de preço, qualidade e prazos, devem ser escolhidos.
“Se trouxermos o fornecedor chinês, ele precisará de um tempo para se adaptar. Além do que, como estamos investindo no Brasil, seria condizente utilizar fornecedores locais”, disse o executivo. Habib afirmou ainda que as empresas brasileiras de autopeças têm demonstrado grande competitividade em relação aos asiáticos.
Uma apresentação feita pela JAC revela que partes como portas, chassis, rodas, poltronas, painel e parachoques serão fornecidas por terceiros, enquanto que a preparação do motor, os componentes elétricos e a carroceria serão próprios. O índice de nacionalização do JAC “made in Brazil” será de 40% se considerado o quesito “peça a peça”, que exclui do cálculo os investimentos em propaganda, por exemplo.
Durante o lançamento da fábrica, o executivo chinês garantiu que a JAC investirá em tecnologia, pesquisa e desenvolvimento no país, algo que, segundo ele, as chamadas montadoras globais não fazem por aqui. “Gostaria de saber os motivos pelos quais as grandes empresas lançam as versões mais modernas na China e não fazem o mesmo no Brasil”, disse o executivo, que aproveitou para alfinetar o alto custo de produção no Brasil. “É uma questão importante que precisa ser discutida.”
Do Valor Econômico via CNM CUT