Montadoras acirram disputa pelo segmento de carros compactos

A disputa pelo mercado brasileiro de carros compactos se acirra neste fim de ano com a chegada de novos produtos, do popular ao mais sofisticado. Ontem, a Citroën apresentou o novo C3, um pouco maior que o anterior, para disputar o segmento premium. Amanhã, será a vez de a Toyota iniciar a produção do Etios na fábrica que vai inaugurar em Sorocaba (SP).

Em setembro, a Hyundai começa a produzir o HB20 na fábrica de Piracicaba (SP), que só será inaugurada oficialmente em novembro. Para se antecipar aos concorrentes, a Volkswagen iniciou em julho as vendas do Gol G5 reestilizado. No fim do mês, será a vez de a Renault apresentar nova versão do Sandero, com motor mais potente.

No início de 2013 chegam mais dois concorrentes dessa categoria, o Peugeot 208 (que será fabricado na mesma plataforma do C3) e o primeiro fruto do projeto Ônix, como tem sido chamada a nova família de carros que a General Motors vai produzir em Gravataí (RS). O compacto é o substituto do Corsa, que saiu de linha no mês passado.

“Esse é um dos segmentos mais concorridos no mercado brasileiro e quase todas as empresas estão nele”, diz Francesco Abbruzzesi, diretor-geral da Citroën do Brasil, que pertence ao grupo francês PSA Peugeot Citroën.

O preço do C3, que será fabricado em Porto Real (RJ) com motores 1.5 e 1.6, parte de R$ 40 mil e terá air bag e freio ABS de série. Para versões mais sofisticadas, a empresa está introduzindo no País o para-brisa Zenith, que possibilita ângulo de visão de 80 graus – o normal é 35 graus – e lanternas diurnas de LED, que são acesas automaticamente assim que o carro é ligado.

O Etios deve custar a partir de R$ 35 mil e também terá air bag e ABS de série. É um dos lançamentos mais esperados pelo mercado brasileiro, pois marca a entrada da japonesa Toyota no segmento de compactos. O modelo da coreana Hyundai, com opção de motor 1.0, deve ficar nessa faixa de preço, enquanto o novo Gol 1.0 começa em R$ 28 mil.

Abbruzzesi informa que a versão anterior do C3, lançada em 2003 e reestilizada em 2008, vendeu 250 mil unidades. “Foi o modelo que praticamente introduziu a categoria de compacto premium no Brasil.” O novo automóvel, fabricado na mesma plataforma do C3 Picasso, foi desenvolvido no Brasil e, segundo o executivo, “sinaliza as tendências para a renovação do C3 europeu, que é de 2009”.

O C3 responde por 45% das vendas da Citroën no Brasil, que também produz o C3 Picasso, Aircross, Xsara Picasso e Jumper, além de importar modelos da Argentina, França e Espanha. A marca vendeu no País de janeiro a julho 40,6 mil veículos, com participação de apenas 2% no segmento de automóveis e comerciais leves.

Crise
A crise que o grupo PSA enfrenta na Europa, em especial em sua casa, a França, onde vai fechar uma fábrica e demitir 8 mil trabalhadores, não atrapalha os projetos de expansão no Brasil, afirma Abbruzzesi.

O grupo cumpre plano de investimentos de R$ 3,7 bilhões para o período 2010 a 2015 que vai mais que dobrar a capacidade atual de produção da fábrica de Porto Real, para cerca de 300 mil veículos por ano.

“Claro que existe uma tensão em relação à crise na Europa, mas a empresa tem vida própria no Brasil. É autônoma”, diz o executivo. Segundo ele, os investimentos para a subsidiária brasileira, parte com recursos da matriz, já estavam alocados antes do aprofundamento da crise na Europa e não serão alterados.

Atualmente, o grupo francês dedica atenção especial a três regiões: China, Rússia e América do Sul, onde o Brasil é o maior mercado. No ano passado, só a Citroën vendeu 90 mil automóveis no mercado brasileiro, o equivalente a 6% das vendas mundiais da marca.

Do Estado de S. Paulo