Montadoras esperam novos incentivos para decidir futuro

Fabricantes de automóveis esperam uma decisão do governo federal sobre incentivos fiscais para decidir onde instalar novas fábricas no Brasil. A chinesa JAC Motors, por exemplo, planeja investir US$ 900 milhões numa unidade na Bahia; a Mitsubishi e a Hyundai têm planos de expansão em Goiás; e a Volkswagen pretende instalar uma nova fábrica, disputada por três Estados: Pernambuco, Paraná e Rio Grande do Sul.

Havia a expectativa de que a Volks anunciaria hoje, após a reunião do conselho de administração da multinacional na Alemanha, o local do novo investimento, estimado em US$ 2 bilhões, mas ontem circularam informações de que a montadora adiou a decisão. Oficialmente, a montadora disse que nunca definiu uma data, podendo até adiar a decisão para 2012. O mesmo diz respeito às outras montadoras, que estariam aguardando diretrizes de Brasília.

O governo está preparando um novo regime automotivo, mas só deve anunciá-lo no primeiro trimestre do próximo ano. Os governadores do Nordeste e do Centro-Oeste temem que, se o novo regime não criar condições especiais para investimento nessas regiões, as novas fábricas e as ampliações das já existentes beneficiarão apenas as regiões Sudeste e Sul.

Há dez dias, os governadores da Bahia, Jaques Wagner (PT), e de Pernambuco, Eduardo Campos (PSB), se reuniram com a presidente Dilma Rousseff para tratar do assunto. Os dois lembraram à presidente que o Brasil caminha para ampliar a produção anual de veículos de três para cinco milhões de unidades. O país, afirmaram os governadores, vai se consolidar “definitivamente” no grupo dos maiores produtores de veículos do mundo.

Durante a audiência, Wagner e Campos alegaram que a produção de carros é bastante concentrada no Brasil. Considerando a futura produção de fábricas já anunciadas, as regiões Sudeste e Sul respondem por 86,2% da produção nacional, enquanto o Centro-Oeste fabrica 6,9%, o Nordeste, 5,2%, e o Norte, apenas 1,7%. Enquanto o Sul e o Sudeste possuem 43 unidades em funcionamento e mais sete anunciadas, o Nordeste tem apenas duas fábricas e uma a inaugurar.

“Constatamos, portanto, que a região [Nordeste] ainda não é suficientemente competitiva no setor automotivo, sem considerar os incentivos fiscais”, afirmou, em documento entregue à presidente, o governador Eduardo Campos.

A presidente Dilma determinou aos ministros da Fazenda, Guido Mantega, e do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Fernando Pimentel, que analisem o pleito dos governadores nordestinos. Além disso, ordenou que o ministro da Integração Nacional, o pernambucano Fernando Bezerra Coelho, também participe das discussões.

O ministro Guido Mantega resiste à ideia de concessão de novos incentivos fiscais às multinacionais da indústria automobilística. Ele acredita que elas virão e ampliarão os investimentos no Brasil, mesmo sem novos incentivos. O regime automotivo em estudo é para aumentar o grau de nacionalização e inovação da produção brasileira.

No fim do ano passado, o governo Lula baixou medida, com vigência de um mês, que incentivou a Fiat a decidir pela instalação de uma fábrica no Complexo Industrial e Portuário de Suape, em Pernambuco. A medida também fez a Ford ampliar sua fábrica na Bahia.

Do Valor Econômico