Chinesa JAC anuncia fábrica de carros no Brasil, em local a definir

A JAC Motors terá uma fábrica própria no Brasil. O anúncio foi feito nesta segunda-feira (1), em São Paulo, por Dai Maofang, vice-presidente mundial da montadora de veículos, e Sérgio Habib, presidente do grupo SHC e atual importador da JAC para o país. O investimento será de US$ 600 milhões, para gerar uma capacidade de produção de 100 mil unidades por ano. Segundo a JAC, devem ser criados cerca de 3.500 empregos diretos, além de 10 mil indiretos. A data estimada para o início das operações é 2014.

Por ora, não há uma definição sobre quais modelos serão fabricados na nova unidade da JAC, e tampouco qual será o índice de nacionalização deles — vale dizer, qual a porcentagem de peças e partes brasileiras usados nos carros. Em tese, a nacionalização pode ir de zero (operação em CKD, ou seja, limitada localmente à montagem dos veículos) a 100%. Habib admitiu que, numa primeira fase, a JAC brasileira terá de importar os motores.

Mas é certeza que os modelos que sairão da futura linha de montagem brasileira serão inéditos e “de volume”, ou seja, de vendas elevadas, que justifiquem a produção local — e preço abaixo de R$ 40 mil.

“Quando o negócio chega a 100 mil carros por ano não dá mais para depender do câmbio”, disse Habib, referindo-se às importações. O empresário afirmou que a unidade local da JAC sempre esteve em seus planos, mas que o projeto foi adiantado devido à aceitação dos carros da marca no Brasil.

Trata-se da segunda fábrica brasilera de uma marca chinesa anunciada este ano. No mês passado foi lançada a pedra fundamental da unidade verde-amarela da Chery em Jacareí, interior de São Paulo.

Estados favoritos
O futuro endereço da fábrica da JAC no Brasil não foi anunciado, mas UOL Carros apurou que essa é uma estratégia do grupo SHB para atrair governos estaduais interessados em receber a unidade, possivelmente em troca de benefícios fiscais — manobra comum na indústria. Em termos logísticos, a preferência da JAC deve ir para locais já utilizados pela cadeia automotiva, como São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás, além de Bahia e Pernambuco. Outros Estados com portos, como Paraná e Santa Catarina, também são possibilidades.

Esse movimento da JAC acontece menos de cinco meses após o lançamento nacional do J3, ocorrido em março último. Na ocasião, Habib anunciou que já tinha 14.500 carros pagos e prontos para embarcar da China ao Brasil, e a meta de vender 35 mil unidades até o final do ano. Também na ocasião, Habib disse que seu investimento para trazer a JAC ao Brasil chegava a R$ 380 milhões. Seu grupo será sócio da empresa chinesa na fábrica — segundo Habib, com mais de 50% do capital.

Desde que os mais de 50 pontos de venda da JAC começaram a funcionar, em 18 de março, foram emplacados no Brasil 10.073 carros da marca, de acordo com os dados da Fenabrave (associação dos distribuidores de veículos) compilados até a metade de julho. O suficiente para fazer da JAC a maior chinesa no Brasil, com 0,57% do mercado de automóveis e comerciais leves (ou 0,73%, caso se considerem só os autos de passeio). No ranking geral, ela fica em 14º, à frente da Hafei e da Chery, que vêm logo em seguida.

Vale notar que esses números referem-se a apenas um modelo, o J3, comercializado nas carrocerias hatch e sedã. O segundo carro da marca a ser vendido no Brasil, a minivan J6, será anunciado nesta quarta-feira.

O que é a JAC
A Jianghuai Automobile Company foi fundada na China em 1969, e até hoje é uma empresa de capital estatal — ao contrário da Chery, de capital privado. Louvada pela mídia automotiva chinesa como uma das poucas fabricantes locais com um nível de qualidade compatível com as demandas do mercado global, curiosamente a JAC fabricava apenas veículos pesados, como caminhões e ônibus, até apenas três anos atrás.

De acordo com informações da JAC do Brasil, os produtos da companhia são vendidos em mais de 100 países. O mercado automotivo chinês é o maior do mundo atualmente. Lá, a JAC é hoje a 10ª principal fabricante de veículos, com participação de 3%. As multinacionais General Motors e Volkswagen são as líderes, mas contam com parceiras locais — o que é exigido por lei.

Do Uol Carros