Venda de veículos elétricos híbridos cresce 46% ao ano
Brasil se prepara para anunciar incentivo à produção local, a fim de acompanhar movimento mundial de aquisição dos híbridos e movidos a eletricidade
Em 10 anos, a venda de veículos elétricos híbridos cresceu 46% por ano. Só em 2009, 750 mil carros passaram a trafegar nas ruas. No mundo. Apesar de mais caros, eles concentram a preferência de quem tem preocupações ambientais e ainda oferecem ganho financeiro, porque o custo de manutenção é inferior ao do convencional. As vantagens exigem que o Brasil acompanhe o movimento mundial. O programa de estímulo ao carro elétrico, que seria anunciado no Challenge Bibendum, evento da Michelin no Rio, foi adiado para o fim deste mês.
A demora se deve a diferenças no governo. O presidente Luiz Inácio Lula da Silva precisou convocar ministros das diferentes pastas para um entendimento. Em pauta, o incentivo à produção nacional por meio de corte de impostos (IPI, ICMS, IPVA, imposto de importação e bônus), além de compras para a frota oficial. Segundo o ex-ministro do Meio Ambiente, o deputado Carlos Minc (PT), já está pronta a proposta que retira o IPI do veículo elétrico: “No estado, apresentei projeto que prevê a retirada do ICMS, que já tem apoio de Sérgio Cabral. Andei em um carro elétrico com formato que lembra a asa do Batman, e ali fica uma bateria solar. Aqueles filmes futuristas estão acontecendo agora”.
Com custo de implantação elevado, mas operacional mais baixo, a tecnologia é ainda mais eficiente nos transportes urbanos, como ônibus e taxis. “É o que já está acontecendo em muitas grandes cidades, como Nova York ou Milão, com benefício para o meio ambiente e economia de combustíveis”, defendeu Pietro Erber, diretor-presidente da Associação Brasileira de Veículos Elétricos (ABVE) , no Challenge Bibendum.
Só no evento, 65 modelos foram expostos, como o híbrido Prius, da Toyota, líder de vendas no Japão; e o Mercedes S 400 Hybrid, comercializado no Brasil. Participantes conheceram o REVAi, nacional mais popular, da Reva, com participação da Petrobras. O Aris, da parceria CPFL e Edra; o Palio Weekend Elétrico, da parceria Itaipu Binacional, KWU, Fiat, Eletrobras e distribuidoras de energia (Light e Ampla); e o Dock Dock, do Instituto Jaime Lerner, representaram projetos nacionais.
Também foram expostos carros nacionais de combustão interna convertidos a tração elétrica: o Gol, de Elifas Gurgel; e uma Kombi, projeto da Uerj. Entre os leves, bicicletas, scooters e motos elétricas de fabricantes nacionais e estrangeiros (mais em conta) atraíram interessados.
Projeto nacional já tem até ar condicionado
O consórcio Itaipu/Fiat/KWU desenvolve os elétricos Palio Weekend, caminhão Iveco e ônibus Mascarello. O protótipo brasileiro do Fiat Palio alcança 110 km/h, com autonomia de 140 Km, mas precisa de oito horas de recarga. A meta é oferecer, em cinco anos, elétrico com 450 Km, velocidade até 150 km/h e carga das baterias em 20 minutos.
A Finep investiu R$ 30 milhões no consórcio para o projeto de bateria nacional. Segundo o coordenador do Projeto Veículo Elétrico em Itaipu, o engenheiro Celso Novais, o objetivo é produzir uma similar à suíça Zebra. O Fiat Palio já tem até ar-condicionado – os anteriores não tinham esse conforto, porque o equipamento reduzia em 10% a 15% a performance. “Colocamos uma bateria com maior capacidade, o que compensou o acréscimo”, explicou Novais.
Do Jornal O Dia (Luciene Braga)