Trabalhadores voltam às ruas pelo emprego e por direitos

Os trabalhadores de todo o País voltam às ruas amanhã em ato promovido pela CUT e demais centrais, em defesa do emprego e dos direitos.

O objetivo da mobiliza­ção é retomar as negociações com o governo federal, que editou duas medidas provisó­rias, alterando quatro pontos fundamentais na vida do tra­balhador. O acesso ao seguro­-desemprego, o auxílio doença, pensão por morte e o abono. (saiba mais no quadro)

“O que estamos questionando é a forma com que está sendo proposta pelo governo federal o ajuste nas despesas do FAT e da Previdência”, destacou o secretário-geral do Sindicato, Wagner Santana, o Wagnão (foto).

Segundo o dirigente, o que o governo federal está propondo com as medidas coloca todo o trabalhador como um frauda­dor da Previdência.

“Sabemos que há fraudes e somos favoráveis ao seu comba­te, mas não podemos transfor­mar a vítima em ré”, enfatizou.

No caso da pensão por mor­te, a medida anunciada no final do ano passado reduz o valor pago do benefício à com­panheira a 50% do valor da aposentadoria, acrescentando 10% a cada dependente.

“Todo trabalhador tem que ter o direito de deixar sua fa­mília amparada, em caso de falecimento. Se há distorções, que se crie mecanismos para evitá-las”, defendeu.

O secretário-geral do Sin­dicato observou que as no­vas regras para a obtenção do seguro-desemprego de forma isolada não reduzem a rotativi­dade e ainda penalizam aqueles que, de fato, necessitam deste benefício.

“Para exigir do trabalhador uma permanência de um ano e seis meses é preciso taxar a demissão imotivada, como está previsto na Convenção 158 da OIT (Organização Internacio­nal do Trabalho)”, alertou.

Sobre a redução do abono (Pis­-Pasep) pago ao trabalhador que ganha até dois salários mínimos e que, pela medida provisória, só terá direito depois de seis meses trabalhados no ano, o dirigente acredita que há uma inversão de valores.

“Significa dizer que o cida­dão que ganhou menos porque trabalhou por cinco meses no ano, não tem o mesmo direito daquele que trabalhou o ano todo e, portanto, teve mais renda”, explicou.

“É um contra-senso. O abono é para auxiliar e ampliar a renda exatamente do que ganha me­nos e o que está sendo proposto é o contrário”, criticou.

Wagnão ainda alertou para as mudanças sobre o auxílio­-doença, que terceiriza os lau­dos médicos para empresas privadas.

“Essa medida dá margem para a corrupção. Quem pode garantir que não será criado um cartel de laudos periciais para atender aos interesses dos patrões?”, questionou.

“Por tudo isso, acreditamos que há razões suficientes para retomarmos às ruas em defesa do emprego e dos direitos”, completou Wagnão.

“Se o governo quer fazer ajustes em suas contas, poderia começar taxando as grandes fortunas e as grandes operações financeiras”, concluiu.

Da Redação