Invasão de autopeças mexicanas e coreanas ameaça mercado nacional
Os problemas causados para a economia do País pela enxurrada de autopeças vindas da China já é bastante conhecido. Como se não bastasse essa dificuldade para o setor, o México e a Coreia do Sul ampliaram suas exportações de autopeças para o Brasil, em volumes 48% e 53% maiores, respectivamente. O crescimento foi registrado e divulgado pelo Sindipeças, o sindicato dos produtores de autopeças, e se refere ao período de janeiro a novembro de 2013 em comparação ao mesmo período do ano anterior.
“Esse dado nos preocupa muito porque sabemos como isso ameaça as vendas e, principalmente, os empregos na nossa base”, afirmou o coordenador da Regional Diadema do Sindicato, David Carvalho (foto).
São Paulo e Paraná
O Sindipeças estima que a balança comercial (leia mais nessa página) do setor seja negativa em R$ 25,68 bilhões – déficit 73,9% superior ao apurado em 2012. Os dados totais de 2013 ainda não foram compilados. Em São Paulo, por exemplo, a balança comercial das autopeças está fortemente deficitária. Até novembro, o Estado estava com saldo negativo de R$ 10,8 bilhões. Na sequência vem o Paraná, com déficit de R$ 4,32 bilhões. Os dois Estados são potências no setor automotivo, com plantas da Ford, Volkswagen, Mercedes, Scania, Toyota, Honda e Hyundai, dentre outros.
Para David, o resultado negativo da balança comercial é fruto da desigualdade de condições que existe hoje entre os mercados interno e externo.
“Desde 2009 estamos vendo essa inversão da pauta”, explicou o coordenador da Regional Diadema. “Antes o equilíbrio era melhor”, prosseguiu.
O dirigente defende a evolução do novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto, para garantir uma nova reversão da balança comercial antes que países como México, China e Coreia do Sul, entre outros, abocanhem uma parcela ainda maior do mercado de autopeças nacional.
“Não tem condições de competir com eles sem uma mudança nesses acordos”, disse.
México e Coreia
Mais que uma questão de competitividade, para o México, entrar no mercado brasileiro é ainda mais vantajoso.
Além do país da América do Norte e ter o custo de operação mais barato, ele desfruta de um acordo de livre comércio com o Brasil, que libera as autopeças de tributação na entrada.
Com relação à Coreia do Sul, a instalação da fábrica da Hyundai em Piracicaba (SP) já explica boa parte das importações daquela nação– no ano passado a montadora vendeu cerca de 150 mil veículos no Brasil, sete vezes a mais que em 2012.
Destes, 122 mil foram da família HB20, quarto hatch mais vendido no ano passado, o equivalente a 16% do mercado, segundo a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave).
Esse modelo econômico voltado para a importação também favorece o país asiático.
O custo de produção, a estrutura logística e as resoluções coreanas sempre aconteceram com viés exportador. Por isso, se posicionam bem em outros mercados.
O que é balança comercial?
-É o resultado da subtração do valor das exportações pelo valor das importações feitas pelo País.
-Quando as importações são em valor maior que as exportações, a balança comercial é negativa, o que é ruim para a economia.
-A situação inversa das exportações maiores que as importações tornam a balança comercial positiva e favorecem o País.
O presidente do Sindicato, Rafael Marques e o coordenador de São Bernardo, Nelsi Rodrigues, o Morcegão, se reuniram com os trabalhadores na Karmann Ghia, na última quinta-feira (23). Em seguida, os dirigentes também estiveram com os diretores da empresa para tratar de assuntos de interesse da companheirada.
Da Redação