Observatório do Emprego: vagas estão concentradas nos jovens e em trabalhadores com mais estudo

Jovens com até 24 anos preencheram 56,8% das vagas criadas em agosto. Participação de mulheres e trabalhadores com Ensino Médio e Superior aumentou

A participação de mulheres e de trabalhadores com Ensino Médio Completo, Ensino Superior Completo e Ensino Superior Incompleto aumentou no mês de agosto, sobre julho de 2009. Na contramão, a contratação de quem cursou até o 5º ano do Ensino Fundamental despencou. Jovens com até 24 anos preencheram mais da metade das 77.983 vagas geradas no mês.  

O mercado de trabalho paulista apresentou, em geral, redução de contratação na área agrícola e aumento de admissões na construção, no comércio e, principalmente, na indústria de transformação – setor que apresentou fortes retrações nos meses anteriores e, agora, começa a se recuperar.

Jovens e alta escolaridade
Jovens com até 24 anos preencheram 56,8% das vagas em agosto, ante 59,4% em julho. Trabalhadores com Ensino Médio Completo ocuparam 55,5% – proporção maior que em julho (51,7%). A participação das mulheres também cresceu: elas responderam por 43,5% dos postos de trabalho, contra 41,7% em julho.

“Além da grande proporção de novas vagas ocupadas por pessoas que concluíram o Ensino Médio, houve uma destacada participação de trabalhadores com Ensino Superior Completo e Incompleto, que chegou a 23,6% – taxa bem maior que em julho, quando ficou em 9,9%”, acrescenta o professor Hélio Zylberstajn, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe/USP).

Na contramão, a participação dos trabalhadores que cursaram até o 5º ano do Ensino Fundamental diminuiu: o saldo ficou negativo em 540 vagas. Em julho, 23,3% das vagas (12.348) foram ocupadas por pessoas com esse nível de escolaridade.
 
2009 x 2008
“Agosto marca o início da retomada na indústria”, afirma Zylberstajn. Segundo o economista, a recuperação industrial começa a refletir positivamente no mercado de trabalho.

O saldo de novos postos formais no Estado em agosto (+77.983 vagas) foi superior a julho (53 mil) e junho (27 mil), mas inferior a agosto de 2008 (+83.592 vagas). Os maiores crescimentos foram nos setores Comércio (+25.167), Construção (+10.492) e Indústria de Transformação (+10.276). Vale ressaltar que em julho (-516) e junho (-3.168) os saldos de vagas na Indústria foram negativos.

As ocupações com melhor desempenho responderam por 41% de todo o emprego gerado em agosto e estão ligadas aos setores que mais cresceram: alimentador de linha de produção; escriturários, agentes, assistentes e auxiliares administrativos; operadores do comércio em lojas e mercados; e ajudantes de obras civis.

Na contramão, a Agricultura (que também compreende Pecuária, Produção Florestal, Pesca e Aqüicultura) gerou 2.762 vagas – número dez vezes menor que o de julho, quando o setor teve o melhor desempenho entre todos os analisados, com 22,6 mil vagas. As ocupações com maiores reduções foram: trabalhadores agrícolas na cultura de gramíneas; trabalhadores agropecuários; e trabalhadores de apoio à agricultura.  

Comportamento sazonal  
Com exceção de Franca (-226), todas as Regiões Administrativas registraram aumento na criação de vagas. As que mais geraram foram: Região Metropolitana de São Paulo (+39.092), Campinas (+12.521), Central (Araraquara/São Carlos, com +4.720) e Sorocaba (+4.099).

Considerando os meses de junho, julho e agosto, o aumento foi de 158.396 postos de trabalho. No mesmo período de 2008, o crescimento foi de 250.383 – cerca de 100 mil vagas a mais que em 2009.

O Gráfico 2 (página 6) do Boletim de agosto do Observatório revela o comportamento sazonal do mercado de trabalho paulista desde 2004, com perdas em dezembro de todos os anos (a queda mais acentuada ocorreu em dezembro de 2008 – reflexo da crise econômica) e rápida recuperação a partir de janeiro.

Este padrão foi rompido em 2009, quando a retomada ocorreu a partir de fevereiro e em ritmo mais lento.

O trecho final do gráfico, que contempla o primeiro semestre de 2009, mostra uma contínua recuperação no ritmo de criação de vagas – que ficou mais intensa em agosto.