Renovação da frota colocou o Brasil entre as quatro maiores indústrias navais

Mais um navio construído no Brasil foi lançado às águas nos últimos dias. Trata-se do Dragão do Mar, um suezmax (para o transporte de óleo cru) de 274 metros de comprimento, 51 de altura, 48 de largura e uma capacidade de transporte de 157 mil toneladas de porte bruto. Apesar da magnitude, a embarcação é extremamente ágil, atendendo, inclusive, as limitações do estreito Canal de Suez.

O navio foi o mais recente a ser lançado ao mar pelo Programa de Modernização e Expansão da Frota (Promef), criado em 2004 pelo Governo Federal. Há cerca de um mês atrás, foi a vez do panamax Irmã Dulce, que tem a mesma função dos suezmax, com dimensões menores.

“O reconhecimento da Petrobrás de que a exploração de petróleo demandava mais navios de apoio veio de encontro com o fato de que a frota de petroleiros para transporte de petróleo e derivados na costa brasileira era composta de navios com mais de 20 anos e precisavam ser renovados”, disse o presidente do SINAVAL, Ariovaldo Rocha.

Outros seis navios, construídos a partir do Promef, estão em operação. São eles: Navio Celso Furtado, Rômulo de Almeida, Sergio Buarque de Holanda e José Alencar (estes navios para transporte de produtos claros e derivados de petróleo), João Cândido e Zumbi dos Palmares (tipo suezmax). Outros dois estão em construção: Navio Anita Garibaldi (navio de produtos claros e escuros) e Oscar Niemeyer (para o transporte de gás liquefeito de petróleo pressurizado). Já o Dragão do Mar seguirá para alguns ajustes finais e depois para a fase de testes operacionais, para aí então operar oficialmente.

Além das embarcações já citadas, o Promef tem como meta construir até 2020 mais 17 navios só na primeira fase do programa e outros 23 na segunda fase. Todos voltados para cabotagem (Navegação ao longo da costa, geralmente ligando portos de um mesmo país). A demanda do programa é feita pela Transpetro, que desde sua criação, em 1998, contribui para o avanço tecnológico e modernização do setor.

Os quase 20 anos de depressão da construção naval no país mostraram o quão importante é a participação efetiva do estado como indutor desse tipo de indústria. Segundo o presidente do SINAVAL, o Brasil apresenta resultados mais surpreendentes que os três principais produtores navais. “Os principais competidores da indústria naval internacional – Japão, Coreia do Sul e China – levaram mais de 30 anos para atingir níveis de competitividade. A construção naval brasileira já apresenta resultados em 14 anos de operação”, afirmou. Hoje o Brasil é o 4º maior produtor naval do mundo.

Programa de renovação da Frota de Apoio Marítimo (Prorefam)

Assim como o Promef, outro programa do governo, o Prorefam é um dos grandes responsáveis pela recuperação do setor e da geração de mais de 70 mil empregos em 14 anos. Só em 2013 foram entregues 21 embarcações de apoio offshore que seguem a pauta da inovação tecnológica do setor. “Os navios de apoio marítimo, em construção ou recentemente entregues, incluem projetos da mais  avançada tecnologia hoje existente, como os dos tipos AHTS (Anchor Handling Tug Supply) e PLSV (Pipe Laying Support Vessel), atestando a crescente especialização e a qualificação dos estaleiros e da engenharia nacional”, ressaltou Ariovaldo Rocha. 

Ainda em 2013 foram entregues 10 embarcações de apoio portuário (que atuam nas operações de atracação e desatracação de embarcações nos portos brasileiros), 44 de navegação interior, as chamadas barcaças graneleiras (embarcações utilizadas no transporte de cargas pelos rios do país). Quatro projetos de novos estaleiros também foram lançados: Vard Pomar (PE), Wilson Sons (SP) e Aliança (RJ), assim como a ampliação do Estaleiro São Miguel (RJ).

Ariovaldo Rocha avalia as conquistas como uma das políticas públicas mais bem sucedidas da história do país, já que em parceria com o governo estão 17 grandes grupos, sendo 14 de capital internacional, listados entre os mil maiores do país. “Os estaleiros brasileiros têm como acionistas alguns dos maiores grupos empresariais locais e internacionais, são parceiros e atuam em projetos conjuntamente com grandes empresas internacionais. Esses investidores acreditam na continuidade da política do governo brasileiro quanto ao conteúdo local dos projetos”, finalizou o presidente do SINAVAL.

Do Jornal GGN