Queda no preço do carro é a maior em 23 anos

Há muitos anos o consumidor não presencia uma redução nos preços dos veículos como em 2012. Na Grande São Paulo, os carros novos ficaram 8,18% mais baratos até outubro. É a maior deflação desde 1990. E, como consequência, os automóveis usados desvalorizaram 10,54%. Desde 1995 esse decréscimo não ocorre no segmento. No segundo ano do Plano Real, os preços dos usados recuaram 18,02% entre janeiro e outubro.

Para melhorar ainda mais o controle dos gastos do consumidor, o preço do etanol caiu 8,42% neste ano até o mês passado. A gasolina seguiu o mesmo caminho, mas com queda mais amena, de 1,49%. Os dados são do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), publicados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).

A queda nos preços dos veículos novos ocorreu, especificamente, pelo estímulo dado pelo governo federal ao setor automotivo, que apresentava desaceleração em seus resultados. A redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados), que foi prorrogada até agosto, depois até outubro e está prevista para encerrar no fim do ano, deu fôlego para que as montadoras vendessem os carros por preços menores.

“A isenção do IPI foi o principal fator para a deflação nos automóveis novos”, diz o professor de Gestão de Concessionária Valdner Papa, que dá aulas na ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) e na Fundação Dom Cabral.

Junto a isso, a competição entre as montadoras deu mais força à redução dos preços, opina o professor do curso de Economia da Fecap (Fundação Escola de Comércio Álvares Penteado) Erivaldo Vieira. Para ele, houve “aumento da rivalidade no setor devido ao ingresso de novos participantes, introdução de novos modelos e disputa por market share”. Ele aponta que, prova disso, é a alta de 22,8% nas vendas de carros em outubro, segundo dados dos distribuidores de veículos, com apenas três das dez principais empresas do setor aumentando sua participação de mercado.

Com o crescimento de interesse por automóveis novos, o mercado de usados teve de derrubar os preços para emplacar vendas. A coordenadora de pesquisas da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), Maria Helena Zockun, diz que a desvalorização no segmento foi generalizada. “Não me lembro de um modelo específico (de carro) com queda acentuada.”

Na avaliação de Papa, os usados não recuperarão os preços em 2013, mesmo com o fim do IPI reduzido.

 

Alimentos pressionam inflação de outubro, que vai a 0,59%

A inflação nacional de outubro atingiu 0,59%, contra 0,57% em setembro, e acumula 4,38% no ano e 5,45% em 12 meses. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o grupo alimentos e bebidas, cujos produtos encareceram na média 1,36%, teve a maior influência positiva no IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo). O indicador aponta a variação média dos preços às famílias com renda de até 40 salários-mínimos, o equivalente a R$ 24.880.

Quando os alimentos têm grande pressão inflacionária, os menos abastados são os que mais sofrem. Gerente de Pesquisas do IBGE, Irene Maria Machado de Aguiar aponta que o INPC (Índice de Preços ao Consumidor), publicado junto com o IPCA, revela com mais precisão como os alimentos pesaram no bolso do consumidor. O indicador, que resume a inflação para as famílias com remuneração entre um e cinco salários-mínimos, ou R$ 622 e R$ 3.110, subiu 0,71% – alta superior à do IPCA. E os produtos alimentícios encareceram 1,51%.

Combustível
Irene diz que a gasolina também contribuiu na ampliação do IPCA de outubro. O combustível ficou 0,75% mais caro na bomba. Em setembro, houve deflação de 0,13%.

 

Do Diário do Grande ABC