Setores elogiam extensão dos benefícios e pedem mais
Desde a semana passada, os setores beneficiados pelas medidas de redução de impostos – fabricantes de automóveis, linha branca, móveis e materiais de construção – passaram pelo Ministério da Fazenda levando dados que mostravam ao governo o aumento das vendas e do emprego em seus setores. Ontem, os setores festejaram a extensão do prazo dos benefícios.
Na reunião de ontem com o ministro da Fazenda, Guido Mantega, a direção da Anfavea – a entidade que abriga as montadoras instaladas no país – mostrou que a média de emplacamentos de carros no país, que vinha em maio a um ritmo de 13,2 mil unidades, subiu para 16,6 mil automóveis e comerciais leves no período de junho a agosto. Também foi citada no encontro a geração de 2,7 mil empregos nos últimos dois meses – ou 3,1 mil vagas ao longo do ano -, apesar de ajustes feitos por montadoras como a General Motors e a Mercedes -Benz com a suspensão temporária dos contratos de trabalho de mais de 2,4 mil operários – dado que não entrou na conta.
Além disso, as montadoras tentaram atenuar as preocupações com o impacto do pacote de incentivos nas contas públicas, mostrando que a redução de R$ 20,7 milhões na receita diária do governo com o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) foi compensada por ganhos com outros impostos em virtude do aumento nas vendas. Somando a alta na arrecadação com PIS/Cofins, ICMS e IPVA, os estímulos acabaram gerando uma arrecadação diária adicional da ordem de R$ 1,7 milhão, segundo os dados da Anfavea.
Após o encontro, Mantega anunciou a prorrogação até 31 de outubro do IPI reduzido nas vendas de carros. A manutenção do estímulo foi acompanhada por um expressivo corte (de 5,5% para 2,5% ao ano) nos juros dos financiamentos de caminhões no Programa de Sustentação do Investimento (PSI). No ano, a queda na venda de caminhões é de 17%.
A prorrogação do IPI reduzido para a linha branca até 31 de dezembro deste ano garantiu a manutenção do emprego no setor e perspectivas otimistas quanto às vendas no varejo, segundo Lourival Kiçula, presidente da Eletros, entidade que reúne os fabricantes de produtos eletroeletrônicos. Segundo ele, o crescimento de 19,3% nas vendas para o varejo de refrigeradores, lavadoras automáticas e fogões registrada no primeiro semestre deste ano, ante igual período de 2011, seria praticamente zero, sem o IPI reduzido.
“Não fosse essa prorrogação, teríamos um impacto imediato com o aumento de 4% no preço dos fogões e de 10% entre lavadoras e refrigeradores, além da diminuição da força de trabalho que seria necessária. O varejo compraria menos e a freada seria brusca, com o crescimento das vendas para o varejo ficando próximo de zero em 2012”, estima Kiçula.
Segundo apurou o Valor, a Eletros, encaminhou para o Ministério da Fazenda o pedido de redução permanente do IPI para 4%, alíquota que seria estendida a todas as categorias de linha branca. Como contrapartida, a indústria ofereceu aumento da eficiência energética dos produtos.
O presidente da Abimaq (entidade que representa o setor de bens de capital), Luiz Aubert Neto, elogiou a medida do governo de reduzir a taxa de juros de financiamento para máquinas de 5,5% para 2,5%. Contatado logo após o anúncio feito pela Ministro da Fazenda, Aubert admitiu que ainda não sabia da medida: “Fui pego de surpresa, de imediato a gente não esperava [uma redução tão forte].” A queda, de três pontos percentuais, representa na prática juros reais negativos. (Eduardo Laguna, Daniele Madureira, Ana Fernandes e Carlos Giffoni)
Do Valor Econômico