Indústria responde por 32% dos desembolsos do BNDES em 2011
Os desembolsos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a indústria representaram 32% do total registrado pelo banco em 2011, de R$ 139,7 bilhões. No total, o setor recebeu R$ 43,9 bilhões. O valor é 44% menor que em 2010, quando a operação de capitalização da Petrobras inflou os números em R$ 24,8 bilhões. Porém, segundo o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, essa não foi a única razão para a queda do desembolso ao setor.
“Houve migração de empresas para o mercado de capitais”, disse Coutinho, durante entrevista para apresentação do balanço de operações do banco no ano passado. Segundo ele, o estímulo à solução pelo mercado dá a tônica da atuação do BNDES, que tentará manter em 2012 a política de “moderação do desempenho”.
Coutinho disse ainda ser cedo para dizer se isso vai significar um aumento sutil dos desembolsos ou um ligeiro declínio, mas afirmou que não será uma oscilação drástica. Há ainda uma parcela do valor aprovado em projetos no ano passado, no total de R$ 164 bilhões, que deve redundar em desembolsos ainda neste ano, mas o plano do BNDES é priorizar a qualidade em vez da quantidade.
Entre os destaques estão a diversificação geográfica e a pulverização dos empréstimos, com apoio crescente às pequenas e médias empresas. No ano passado, esse segmento ajudou a construir o recorde de operações, de 896 mil financiamentos, com um salto de 47% sobre o ano anterior. O montante envolvido beirou os R$ 50 bilhões.
Essa pulverização contribuiu ainda para que o Nordeste fosse a única região a receber em 2011 mais desembolsos do BNDES que em 2010. Apesar disso, ainda representa 14% do total realizado pelo banco. Mesmo com queda de 30% em relação a 2010, o Sudeste detém 49% de participação na destinação dos recursos do banco.
O presidente do BNDES disse estar confiante na retomada do crescimento econômico brasileiro.”O cenário internacional ainda é incerto, mas nos parece que os riscos de cenários catastróficos estão sendo afastados”, disse Coutinho. Segundo ele, a capacidade de financiamento do sistema bancário brasileiro está preservada e o Ministério da Fazenda ainda avalia se será necessária a interferência direta do banco no fornecimento de crédito, nos moldes do que fez depois da crise de 2008, ou mesmo sobre qual será a proporção dos aportes do Tesouro no BNDES.
“O mercado brasileiro é ainda um mercado robusto. A expansão da renda e do mercado de crédito continuam firmes. O fluxo de investimento direto para o Brasil se mantém muito firme”, disse Coutinho.
Do Valor Econômico