Centro alemão vai aproximar pesquisa e indústria no Brasil
O Centro Alemão de Inovação e Ciência de São Paulo quer se distanciar do mundo absolutamente teórico e se conectar mais ao universo econômico. Presente já em outros países emergentes, como Rússia e Índia, o centro inaugurado nesta quarta-feira (16/11) vai funcionar como uma vitrine das instituições de pesquisa alemãs no Brasil.
“Essa parceria tem a missão de facilitar a participação alemã no fomento à inovação no país”, disse em entrevista à DW Brasil Ademar Cruz, chefe da Divisão de Ciência e Tecnologia do Itamaraty, lembrando a tradição do país europeu em desenvolver produtos de alta tecnologia.
Segundo Cruz, a casa de pesquisa quer voltar suas atividades para um campo fundamental em qualquer nação: a economia. Reforçar a integração entre ciência e indústria no Brasil é uma das principais metas do governo nos próximos anos, já que a comunicação entre os centros de pesquisas das universidades e a indústria ainda é pequena.
Mercado à vista
Pesquisa e desenvolvimento de técnicas na exploração de terras raras é um ponto-chave nessa fase inicial, mencionou Cruz. O grupo especial formado por 17 metais não ferrosos e com nomes particulares, como európio e lutécio, é usado na fabricação de artigos como isqueiros, supercomputadores e painéis solares.
O Brasil integra a seleta lista de nações com reservas confirmadas de terras raras – a China ocupa o primeiro lugar disparado do ranking. Índia, Estados Unidos e Austrália também possuem depósitos, segundo dados do US Geological Survey. E a pressão internacional para diversificar as fontes de abastecimento desses minérios aumenta.
Tendo em vista esse e outros setores em potencial, o Centro vai construir uma “ponte de inovação” entre jovens empresas inovadoras do Brasil e da Alemanha, segundo a definição dos seus fundadores.
Cruz também nomeia outro setor que deve ser beneficiado: o desenvolvimento de biomaterial no Brasil. Esses materiais, sintéticos ou naturais, são usados em dispositivos médicos ou ficam em contato com órgãos e tecidos do corpo humano, como próteses e implantes.
Biomateriais são parte importante da área da saúde, usados em cerca de 300 mil produtos. “Temos um grande déficit nessa área, e isso se reflete na nossa balança comercial”, acrescenta Cruz, lembrando que a produção de próteses tem potencial de expansão.
Os clássicos
O Centro Alemão de Inovação e Ciência também atua em Nova York e Tóquio. Além das tradicionais instituições de pesquisa e das universidades, a Alemanha também é conhecida por ter as empresas mais inovadoras da Europa, que também mantêm uma estreita cooperação com os Institutos Fraunhofer e a Federação Alemã de Pesquisa Industrial Otto von Guericke.
No Brasil, o governo se esforça para disponibilizar mais recursos para pesquisa e trabalha em políticas de estímulo para a inovação. Ainda assim, apenas 1% do Produto Interno Bruto do país é aplicado nesse setor.
Do Deutsche Welle