Aumento do IPI salva empregos e salários dos metalúrgicos

Medida do governo protege o emprego e a produção nacional


No inicio de julho, categoria lotou a Anchieta para defender o emprego e a produção nacional.
Foto: Raquel Camargo / SMABC

Caso o governo federal não aumentasse o Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) dos veículos importados, 506 mil empregos seriam fechados na cadeia automotiva brasileira.

Isto é, 37% dos trabalhadores seriam demitidos por essas empresas, que passariam dos atuais 1.348.650 para 842.490 trabalhadores.

Sem o reajuste de 30% no IPI, o impacto também seria brutal sobre a massa total de salários da cadeia automotiva, que diminuiria mais que a metade e passaria de R$ 2,3 bilhões para R$ 1,05 bilhão.

Os dados constam de levantamento da Subseção Dieese do Sindicato com base em números do Ministério do Trabalho e Emprego.

Por isso o Sindicato apóia a mudança no IPI para veículos importados. Só entende que a medida ainda é insuficiente para atender a pauta completa dos trabalhadores no Plano Brasil Maior, a política industrial do governo federal.

Sérgio Nobre, presidente do Sindicato, elogiou a proteção aos empregos e o estímulo à produção nacional que a medida proporciona – ele participou na reunião de quinta-feira com o ministro da Fazenda Guido Mantega e representantes de outros sindicatos e centrais sindicais sobre o novo regime automotivo.

“Há meses os trabalhadores protestavam e reivindicavam providências contra o avanço dos importados pela ameaça que trazem ao emprego e o risco que trazem de desindustrialização do País”, afirmou Sérgio Nobre.

Como o aumento do IPI valerá até dezembro de 2012, o Sindicato espera emplacar toda a pauta dos trabalhadores na definição do novo regime automotivo brasileiro.

Rafael Marques, vice-presidente do Sindicato, que também participou da reunião de quinta-feira, voltará a Brasília para prosseguir as negociações.

De acordo com ele, nos próximos 15 meses os trabalhadores querem definir o regime automotivo pleno, com a produção do carro genuinamente nacional, um novo modelo de entrada para substituir os atuais 1.0 que perdem preferência dos comparadores, o desenvolvimento de motores com ênfase na matriz energética brasileira, no caso o etanol, e elétrica, carros híbridos, entre outros assuntos.

Junto a isso, também interessa diretamente à categoria implantar a jornada de 40 horas, rotatividade menor que 3% ao ano, representação sindical no local de trabalho e a criação de um piso salarial nacional para o setor automotivo em todo o Brasil. 

 

Como é o aumento
Ao invés de abrir mão de arrecadação e reduzir o IPI como sempre fez quando tomou medidas para proteger a produção nacional, desta vez o governo federal decidiu aumentar o imposto. E justamente no setor que mais preocupava, os importados.

A medida é interessante às montadoras que possuem fábricas no Brasil e, consequentemente, contratam milhares de trabalhadores no País.

Elas estão no grupo que não terá aumento de IPI, pois atendem os requisitos do novo regime automotivo. Isto é, produzir veículos com 65% de componentes feitos no Mercosul e cumprir ao menos seis de 11 etapas de produção no País. Entre elas, estampagem, pintura, fabricação de trem de força (motor e câmbio) e façam investimento local em tecnologia etc.

O reajuste no IPI não é interessante para as empresas que trazem os carros desmontados do exterior e apenas cuida de montá-los no Brasil – e por isso contratam pouca gente.
São os carros trazidos por essas empresas que estão provocando a lotação dos pátios, pois a concorrência é desleal com os produtos fabricados aqui.

Assim, um JAC J3 de R$ 37.900,00 pode ir a R$ 49.270,00 e o Audi A1 vai de R$ 89.900, 00 para R$ 116.870.

Nos automóveis 1.0, o IPI passará de 7% para 37%; entre 1.0 e 2.0 subirá para 41% a 43%. Estima-se que o preço final pode ficar entre 25% e 30%.

Da Redação