Política industrial atende algumas reivindicações. Sindicato quer mais
Sérgio Nobre acredita que em um segundo momento os trabalhadores serão chamados a negociar a segunda etapa do plano, que trata da indústria que o Brasil terá no futuro
Sindicalistas reunidos com representantes do governo federal. Foto: Daniel Cardoso
O Plano Brasil Maior de incentivo à indústria, anunciado nesta terça-feira (2) pelo governo federal, atende parte das reivindicações dos trabalhadores, especialmente sobre controle de importações, competitividade e desenvolvimento de tecnologia. Mas ele ainda não está completo.
“Faltou o governo anunciar a etapa seguinte de sua política industrial e a que mais nos interessa, que é a indústria do futuro, aquela que pode oferecer emprego de qualidade”, observou Sérgio Nobre presidente do Sindicato.
Ele integrou o grupo de sindicalistas que participou de reunião na noite de segunda-feira com cinco ministros e o presidente do BNDES para debater pontos do plano.
Sérgio Nobre acredita que o anuncio do plano aconteceu em caráter de emergência, já que a industrial nacional está perdendo competitividade continuamente.
“Comparo o anúncio ao que foi feito em 2008, quando estourou a crise econômica mundial. Naquele momento, o governo tomou as medidas e pouco tempo depois chamou o movimento sindical para negociar contrapartidas, como a garantia de emprego”, lembrou o presidente do Sindicato.
Segundo ele, se naquela ocasião a equipe econômica esperasse mais tempo para agir, as medidas não teriam o mesmo impacto que tiveram e a crise poderia ter afetado ainda mais o Brasil.
“Por isto ainda acredito que num segundo momento seremos chamados a negociar a outra etapa do plano, a indústria que o Brasil terá no futuro”, completou Sérgio Nobre.
Manifestações influenciaram governo
O ministro da Secretaria-Geral da Presidência República, Gilberto Carvalho, reconheceu que parte das medidas do Brasil Maior foram influenciadas pelas manifestações dos trabalhadores. “O governo trabalhou para dar uma resposta a vocês”, disse.
Guido Mantega, ministro da Fazenda, confirmou: “Estamos acompanhando as ações dos trabalhadores e não podemos deixar nossa indústria exposta”, afirmou.
De acordo com ele, o Brasil sofre uma concorrência predatória e até criminosa dos produtos importados. “A crise diminuiu os mercados nos países ricos e eles procuram países como o nosso, em crescimento, para desovar sua produção”, explicou o ministro.
Plano reduz impostos
O Plano Brasil Maior cortará R$ 25 bilhões de impostos em dois anos. O texto será enviado para votação do Congresso Nacional por meio de medida provisória.
O setor automotivo é um dos favorecidos com um regime especial de tributação, com a contrapartida de investimentos, aumento do valor agregado em sua produção, emprego, inovação e eficiência. O setor de autopeças terá linhas especiais de financiamento.
Ponto de crítica dos sindicalistas, principalmente na CUT, é a redução da contribuição à Previdência de setores com muita mão de obra, como confecções, calçados, móveis e informática. Será cobrada uma contribuição sobre o faturamento, com alíquota a partir de 1,5% de acordo com o setor.
O governo diz que a medida é em caráter experimental e será acompanha por um comitê de trabalhadores, governo e empresas. Em caso de déficit, ele cobrirá a diferença.
Um resumo do Brasil Maior
IPI reduzido
Mais 12 meses de redução do IPI sobre bens de capital, material de construção, caminhões e comerciais leves.
Importados
O Inmetro ampliará o controle e a fiscalização dos produtos importados. Combate à pirataria e maior fiscalização de origem.
Produtos nacionais
Produtos nacionais terão preferência nas compras governamentais e receberão novos estímulos e financiamento para exportar.
Investimento
O BNDES entrará com R$ 75 bilhões para produção de bens de capital, inovação, pró-caminhoneiro, equipamentos de tecnologia da informação e ônibus híbridos.
Pequenas e médias empresas
Ampliação de R$ 3,4 para R$ 10bilhões de capital de giro com novas condições de crédito e prazos.
Inovação e crédito
R$ 2 bilhões para ampliar investimento em inovação e facilidade de acesso ao desenvolvimento de produtos farmacêuticos, aeronáuticos, de plástico e produtos menos poluentes.
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Da Redação