Empresários querem pacto com trabalhadores contra importação

Representantes do setor industrial querem unir esforços para evitar riscos de desemprego

Representantes da indústria automobilística brasileira querem firmar um pacto com sindicatos de trabalhadores para enfrentar a crescente importação de veículos. A proposta foi discutida nesta segunda-feira (27/06) durante seminário promovido pela SAE Brasil, na Capital.

A aliança se viabiliza com a perda de competitividade do produto nacional e dos sinais de desindustrialização que já começam a aparecer em alguns setores. Executivos das montadoras do ABCD querem melhorar a produtividade, investir na capacitação e aguardar investimentos do governo federal em infraestrutura viária, portuária e ferroviária.

Para o presidente da SAE Brasil, Vagner Galeote, é extremamente importante que exista uma relação forte entre as empresas e os sindicatos. “Concordamos com as entidades sindicais que diminuir o salário não é a solução, e nosso objetivo é trabalhar em conjunto para que seja possível organizar uma política, melhorar a produtividade dos trabalhadores e consequentemente continuar elevando os salários para impulsionar a economia. Afinal, quanto mais renda, maior será o consumo por novos produtos”, disse.

Galeote destaca também que as empresas devem trabalhar para ampliar investimentos em alta tecnologia e também expandir a automatização dos processos. “Só é possível melhorar os resultados se forem contornados os índices de desperdício e também de melhoria de qualidade nos produtos nacionais”, disse.

Na opinião do diretor de Engenharia de Manufatura da Volkswagen do Brasil, Celso Placeres, investir em softwares capazes de simular cada operação dentro dos diferentes ambientes da indústria também é uma das ferramentas para melhorar o desempenho das empresas. “Com a digitalização é possível expandir os ganhos em flexibilidade, produtividade e sustentabilidade e ainda obter redução de tempo e de custo”, afirmou.

Já o diretor de Manufatura de Caminhões da Mercedes-Benz do Brasil, André Luiz Moreira, aponta que as plataformas utilizadas pela montadora permitem a flexibilidade de produção de itens em diferentes unidades da empresa espalhadas pelo mundo.

“Trabalhamos com a integração entre nossas plantas. A fábrica de São Bernardo pode importar da Alemanha, mas também pode exportar para aquele país. As empresas devem investir na sinergia com suas plantas produtivas”, finalizou.

Metalúrgicos do ABCD
Os metalúrgicos do ABCD e da Capital realizam neste mês um protesto nas ruas para chamar a atenção do governo federal e da sociedade sobre os prejuízos que as importações causam ao emprego e à produção. A manifestação também marcará o lançamento da campanha salarial dos metalúrgicos, bancários, petroleiros e químicos.

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, pontua que um dos objetivos é lutar para sensibilizar o governo federal e a sociedade sobre a necessidade de combater a desindustrialização. “Queremos que o nosso parque industrial continue crescendo com empregos de qualidade. Vamos para as ruas em defesa da produção nacional e do emprego”, finalizou.

A unidade fabril da Mangels, em São Bernardo, anunciou na semana passada abertura de um PDV (Programa de Demissões Voluntárias), o que coloca em risco o emprego de 550 trabalhadores. O PDV prevê uma indenização adicional em salários, extensão do prazo para o convênio médico e entrega de cestas básicas. A companhia alega ter mão-de-obra ociosa por ter perdido mercado para empresas que importam produto similar mais barato como o aço laminado.

De acordo com o presidente da FEM-CUT/SP (Federação Estadual dos Metalúrgicos), Valmir Marques (Biro-Biro), uma das principais bandeiras é a luta pelo  fim do fator previdenciário, a implantação da jornada de 40h semanais sem redução no salário e a ratificação da Convenção 151 da OIT.

Do ABCD Maior