Importação é como lagarta, come todo nosso emprego, diz Sergio Nobre
Foto: Rossana Lana / SMABC
Comparando os efeitos da importação sobre os empregos nacionais a uma lagarta que destroi a horta, Sergio Nobre, presidente do sindicato, defendeu que a sociedade brasileira tem de pensar que modelo quer para o desenvolvimento do País e apresentou o que desejam os trabalhadores: “Nós queremos ter a nossa produção e não sermos apenas tiradores de produtos de caixas e apertadores de parafusos para montá-los”.
Sergio fez uma veemente defesa dos empregos por meio do fortalecimento da indústria e da produção local no segundo painel do seminário Brasil do diálogo, da produção e do emprego que o sindicato, CUT, Fiesp e Força Sindical realizam em São Paulo. O palco do evento é uma fábrica desativada no bairro da Mooca, o Moinho Santo Antônio.
O dirigente comparou a composição da produção entre o carro Gol, com 480 fornecedores locais, ao modelo Tucson, que tem 80% de componentes importados para sua construção e o Jac chinês todo importado. ”O segundo a lagarta comeu parte e o terceiro comeu toda a indústria de peças”, disparou.
“É isso que a gente teme, a destruição de um parque, o automotivo, que a gente demorou anos para construir. Por trás de um fábrica tem emprego de melhor qualidade e com melhor salário e por traz desse emprego tem uma família que consome”.
Segundo Sérgio, além de eliminar postos de trabalho, a importação também destroi a base pela qual se apoiou todo o crescimento da economia nos últimos anos. “O crescimento econômico se deu pelo aumento do emprego e da renda. Por isso é a maior violência o trabalhador perder o emprego para a importação, porque atrás dele há uma família que consome e assim faz girar a economia”.
Ministro anuncia política de desenvolvimento da competitividade
Ao abrir os debates do seminário Brasil do Diálogo, da produção e do emprego, o ministro da Indústria e do Comércio, Fernando Pimentel anunciou para junho a política de desenvolvimento da competitividade, que se antecipa a algumas das reivindicações apresentadas pelo evento.
Pimentel disse ser esta uma preocupação do governo, que centrou todas as suas atenções ao controle da inflação neste início de mandato. “Reconhecemos que o setor industrial brasileiro está em risco e o nosso desafio é tornar competitivo e moderno um parque industrial montado ao longo do século passado”.
Segundo o ministro, a política compreende três medidas a serem adotadas no curto prazo. A primeira é prática de defesa comercial do Brasil, constantemente ameaçada por competidores (países exportadores) desleais.
Depois, prometeu Pimentel, o governo reduzirá impostos, especialmente sobre investimentos privados e a desoneração na folha de salários por meio da redução da alíquota de contribuição das empresas ao INSS, sem que isso afete a arrecadação do órgão. (a TM apurou que haverá uma combinação entre folha e faturamento das empresas).
Por fim, a política de competitividade criará novas linhas de financiamento para à inovação e desenvolvimento tecnológico. “Esses valores de financiamento não só devem aumentar, devem se multiplicar”, enfatizou.
Da Redação