Carros híbridos e elétricos puxam uso de plástico em peças

A aposta da indústria automobilística mundial nos modelos híbridos e elétricos abrirá novas fronteiras para a utilização de materiais plásticos na fabricação de veículos. Tendência já consolidada globalmente, a substituição de insumos como aço e ferro fundido por polímeros será impulsionada pela necessidade de autonomia dos carros que utilizam fontes alternativas de energia e deve resultar na concepção de peças que também serão utilizadas nos veículos convencionais.

Um estudo da fabricante química Lanxess, realizado em conjunto com instituições internacionais, mostrou que a demanda por plásticos de engenharia no setor deve crescer a um ritmo de 7% ao ano por veículo produzido até 2020. Atualmente, são utilizados em média 14 kg de poliamida 6 por automóvel. Considerando-se outros materiais poliméricos, esse volume vai a 120 kg, ou cerca de 10% do peso total.

Esse aumento da demanda, acompanhado pelo crescimento da produção mundial de carros, tem estimulado a multinacional a ampliar seu foco no produto. Hoje, as vendas dos plásticos de engenharia representam 10% do faturamento global do grupo, que somou € 7,1 bilhões no ano passado. “A estratégia global da Lanxess para 2011 é a poliamida 6. Acreditamos que a representação dos plásticos de engenharia em nossos resultados tende a crescer”, diz o presidente da Lanxess Brasil, Marcelo Lacerda.

Com lugar de destaque na produção de componentes externos e itens internos de acabamento, que antes eram fabricados a partir de aço, vidro ou ferro fundido, os plásticos já chegaram ao conjunto motriz (powertrain), que exige materiais resistentes a altas temperaturas. Nos híbridos e elétricos, devem se tornar cada vez mais presentes sobretudo nas baterias, que representam o coração desses modelos.

Para Francisco Satkunas, conselheiro da SAE Brasil, entidade que reúne engenheiros que atuam em indústrias relacionadas a mobilidade, o uso do plástico somente tende a crescer, embora ainda haja desafios, especialmente os relacionados a custos. “A modernização dos carros vai ampliar o campo de uso do plástico, especialmente na área de híbridos e elétricos, que exigem menos massa”, afirma o engenheiro. “Mas tanto o insumo (oriundo do petróleo) quanto o ferramental e equipamentos para conformação ainda têm custo muito alto”.

O desenvolvimento de novos insumos, tarefa que está a cargo da indústria química, é acompanho de perto pelas montadoras. Esse interesse, por sua vez, alimenta novos investimentos. Recentemente, a Lanxess anunciou diversas ações para expandir a capacidade produtiva na área de plásticos de engenharia. Nos EUA, em Gastonia, a empresa anunciou a instalação de uma fábrica com capacidade de 20 mil toneladas métricas por ano e início da produção programado para 2012.

Do Valor Econômico