Setor de autopeças evolui, mas fica cada vez menos brasileiro
A organização da Automec (Feira Internacional de Autopeças, Equipamentos e Serviços), encerrada no dia 16, comemorou a décima edição com novo recorde de expositores. Trata-se de uma feira bienal, específica para profissionais, intercalada com o Salão do Automóvel, em São Paulo (SP), ambos sob responsabilidade da Reed Alcântara Machado. Este ano 1.142 marcas, de 31 países, estiveram representadas, inclusive 181 chinesas que preocupam o setor pelo preço baixo, embora de qualidade proporcional. A primeira Automec, em 1993, reuniu apenas 401 expositores.
Para o presidente do Sindipeças, Paulo Butori, “a especialização das empresas aqui [no Brasil] estabelecidas é a saída para o excesso de impostos, os custos altos e a desvantagem cambial”. O fato é que 131 expositores participaram pela primeira vez no Pavilhão de Exposições do Anhembi, prova inequívoca da forte atratividade do mercado brasileiro.
A diversidade está cada vez maior. Empresas de capital majoritário nacional já são poucas, entre elas a Sabó, com seus sistemas de vedação, que enfrenta gigantes como a Freudenberg-NOK e seu braço distribuidor Corteco. Tecnologia de turbocompressores não para de evoluir, como demonstrou a BorgWarner. A Schaeffler passou a produzir aqui o variador de fase de comando de válvulas, visando ao aumento de torque e menor consumo. Saint-Gobain Sekurit e Valeo se uniram para facilitar a vida do motorista na identificação fácil ao substituir palhetas de limpador de parabrisa.
Outro fabricante nacional, a Keko, mostrou nova tecnologia de plástico em estruturas de santantônio para picapes. A alemã Kostal acrescentou a função presencial no seu alarme mais recente. A DSW apresentou espelho retrovisor com tela de sete polegadas de tripla função: câmera de ré, DVD e TV digital. Bolsas infláveis estão na linha de frente de produtos nacionalizáveis pela TRW.
Vários expositores destacaram a ampliação dos programas de inspeção ambiental (emissões e ruídos), a partir de 2012. A Bosch criou um ciclo de palestras e a Mastra disponibilizará decibelímetros para medição nos escapamentos.
O 6º Congresso da Reparação de Veículos demonstrou que a rede de oficinas se organiza para atender melhor aos consumidores, apesar da redução de 120 mil para 92 mil pontos de atendimento nos últimos seis anos. A queda é natural pelo aumento de vendas de carros novos, menos itens passíveis de manutenção e melhoria de qualidade que gera menor necessidade de reparos.
Cuidado a mais
Pesquisa do Gipa (Grupamento Interprofissional do Automóvel) apontou uma pequena redução da quilometragem anual percorrida. O motorista brasileiro rodou em média 12.536 km, em 2009, contra 13.033 km, em 2008. E está cuidando melhor do carro: 54% dos veículos com cinco anos de uso passaram por revisões preventivas (trocas de óleo, filtros e pequenas intervenções) em 2010, enquanto em 2005 o índice era de 44%. A procura por manutenção aumentaria se a inspeção de segurança veicular, prevista em lei, já tivesse sido implantada.
Embora convidada para participar do congresso, a Controlar, responsável pela inspeção ambiental na capital paulista, não apareceu. Houve atritos no ano passado entre a empresa e reparadores, deixando os motoristas sem ter a quem reclamar em casos de reprovação sem explicações.
Do UOL Carros (Fernando Calmon)