Preço do aço fornecido às montadoras pode subir 10%
Indústria automobilística deve brigar por um aumento de cerca de 7%; alta deve ser repassada ao consumidor final
As siderúrgicas apresentaram uma proposta de reajuste de 10% nos preços de aços planos oferecidos às montadoras de veículos instaladas no Brasil. A indústria automobilística pretende negociar e acredita que poderá reduzir o aumento para cerca de 7%. No início do mês, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Cledorvino Belini, disse que os reajustes representariam uma quebra de contrato com as montadoras e que a entidade já havia fechado contratos no fim de 2010 para o fornecimento de aço ao longo deste ano. “Se houver aumento, teremos briga. Vamos discutir”, afirmou Belini, na época.
Segundo uma fonte ouvida pela Agência Estado, as usinas teriam justificado que as cheias na Austrália prejudicaram a produção de ferro e aumentaram os custos de extração. A demanda mundial e o crescimento do consumo na China também têm pressionado os preços do aço. Sem o reajuste, os preços do aço brasileiro já estão, em média, 15% mais caros que os cobrados nos Estados Unidos e Europa e 20% a 25% mais elevados que na Ásia. “É indução de inflação pura”, afirmou a fonte.
O governo está ciente do problema, que tem sido alvo de reclamações de diversos setores, como o da construção civil, linha branca e eletroeletrônico. “O governo conhece a situação, mas não sei se está sensível a ela”, disse a fonte. Em outros momentos, o governo chegou a reduzir e até zerou as alíquotas de importação que incidem sobre diversos tipos de aço para pressionar as siderúrgicas a reduzirem os preços. “O problema é que o processo de importar aço é muito difícil e implica em uma logística complexa”, afirmou a fonte.
O aço representa cerca de 60% do custo de um automóvel. Embora a decisão de repassar o reajuste para o consumidor caiba a cada empresa, ele invariavelmente chegará ao preço final, diz a fonte. “Se o mercado está bem, o custo é repassado. Se está mais competitivo, demora para repassar, mas em algum momento o repasse é feito.” O reajuste deve ter impacto principalmente sobre as pequenas e médias indústrias de fornecedores do setor, que compram aço das distribuidoras e já pagam um preço maior que as grandes empresas.
Na semana passada, a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) reajustou os preços de laminados a quente e a frio para os distribuidores de aço e retirou parcialmente os descontos que vinham sendo praticados desde agosto. A partir de 1.º de abril, os preços de laminados a quente e frio ficarão 9,75% maiores. Em fevereiro, a Usiminas e a Gerdau confirmaram que começaram a retirar os descontos. Segundo a Usiminas, o impacto nos preços ficaria entre 5% e 10%.
Da Agência Estado