Potencial da indústria de ferramentaria do ABC será levado ao Japão
A capacidade técnica para confecção de peças no Brasil foi um dos aspectos positivos observados pelo professor da Hosei University Japan, Toshiyuki Baba, durante palestra na última sexta (20), na sede do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC.
Segundo ele, há grande interesse dos japoneses em formar parcerias com as indústrias de ferramentaria brasileiras e, principalmente, do ABC. Essas ações poderão tornar o Brasil o terceiro mercado do setor.
“Temos força econômica e política para isso”, declarou o diretor de Organização do Sindicato, José Roberto Nogueira da Silva, o Bigodinho (foto), que representa os Metalúrgicos do ABC no Arranjo Produtivo Local (APL) de Ferramentaria.
“Aqui está estruturada uma das melhores indústrias do setor e temos ações, junto ao governo federal, para fortalecer toda a cadeia que fornece às indústrias de automóveis e futuramente para a indústria de defesa aeroespacial”, declarou o dirigente.
Segundo Bigodinho, estes projetos dão mais fôlego à região e têm impacto direto na geração de emprego e renda à categoria e toda a sociedade.
O encontro, que contou com a participação de empresários do setor industrial do ABC, universitários e gestores públicos, integra a série de ações da Agência de Desenvolvimento Econômico do Grande ABC para assuntos ligados à área econômica, e o Arranjo Produtivo Local (APL) de Ferramentaria do Grande ABC, para fortalecer o mercado regional com estímulos à inovação e competitividade.
Para o professor, o setor de ferramentaria japonês tem perdido espaço no cenário mundial apesar de oferecer produtos de alta qualidade. Ele ainda defendeu uma maior aproximação entre as duas nações para lidar com a crescente expansão dos chineses.
“Embora sejamos um país distante, devemos unir forças para desenvolver o setor de ferramentaria. Vamos pensar em estratégias para aumentar o retorno de nossas indústrias”, disse.
Baba destacou também os benefícios presentes com a criação de cursos. Essa “marca brasileira”, como classificou o sistema de ensino, não existe no Japão. “No Japão você aprende na prática, não existe escola ou curso específico para o aprendizado. Neste quesito temos muito a aprender com vocês. A vantagem na formação profissional está na qualidade técnica”, concluiu o professor.
Bigodinho lembrou que a Escola Livre para Formação Integral “Dona Lindu”, na Regional Diadema, busca esta formação há mais de 30 anos, com convênios com o Senai; o Instituto Federal São Paulo, o IFSP, o Cursinho da Poli, entre outros.
Ferramentarias no Brasil
O setor reúne hoje mais de dez mil empresas, gera 166 mil empregos em todo o País e enfrenta um novo desafio, vencer a concorrência dos componentes fabricados fora do Brasil.
O aumento dos produtos importados, vindos especialmente da China, trouxe como consequência a redução das encomendas das montadoras junto à cadeia produtiva de conformação brasileira, ameaçando a estabilidade de um setor que é, além de estratégico na estrutura industrial do País, capaz de produzir bens de alto valor agregado.
Desde novembro de 2011, cerca de quarenta empresários da APL da Ferramentaria se reúnem periodicamente com vários representantes, inclusive os Metalúrgicos do ABC, universidades e instituições financeiras públicas e privadas para debater ideias e propor ações voltadas ao fortalecimento do setor.
Em 2014, as ferramentarias brasileiras receberam um incentivo importante com a portaria do governo federal, com regras para que montadoras declarem investimentos no setor como pesquisa, desenvolvimento e engenharia.
A iniciativa define etapas de produção de ferramental e autoriza a reversão destes gastos em créditos para desconto no IPI. Para o presidente do Sindicato, Rafael Marques, a medida é mais um passo importante dentro do Novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto.
EMPRESAS INTEGRANTES
Cerca de 60 empresas participam do APL de Ferramentaria do Grande ABC.
NÚMERO DE TRABALHADORES
1.800 companheiros nas empresas do APL de Ferramentaria.
AÇÕES
• Inclusão dos moldes e ferramentais pelo novo Regime Automotivo, o Inovar-Auto;
• Diálogo com montadoras;
• Elaboração do projeto do Centro Avançado de Inovação em Ferramentaria do Brasil, o Birô de Engenharia;
• Diálogo com parceiros internacionais do Japão, EUA, Coreia e Suécia;
• Inclusão de cursos e trabalhadores em programas de qualificação no âmbito do Pronatec.
Da Redação