Fim das cotas com o México colocará empregos em risco no Brasil
Sindicato luta para manter cotas entre Brasil e México
O fim das cotas comerciais entre o Brasil e o México, previsto para o dia 18 de março, ameaça os empregos no setor automotivo e preocupa o Sindicato.
O secretário-geral dos Metalúrgicos do ABC, Wagner Santana, o Wagnão (foto), em entrevista à Tribuna, explicou por que a renovação do acordo com cotas é fundamental para garantir as conquistas dos trabalhadores na base.
Tribuna Metalúrgica – O que é o acordo entre o Brasil e o México?
Wagner Santana – O acordo estabelece cotas de importação e exportação entre os dois países para a comercialização de veículos.
Tribuna – Por que ele foi criado?
WS – Os metalúrgicos do ABC tiveram um papel importante em 2011, quando denunciamos as importações desenfreadas que estavam acontecendo no Brasil e que colocavam em risco os empregos, principalmente na indústria automotiva da região. Foi a partir disso, que o governo federal estabeleceu as cotas.
Tribuna – Como esse sistema de cotas comerciais funciona?
WS – As cotas foram estabelecidas de forma gradativa. No primeiro ano, de março de 2012 a março de 2013, o México poderia exportar para o Brasil até US$ 1,450 bilhão (pouco mais de R$ 4 bilhões) em veículos, sem pagar tarifas até chegar ao valor de US$ 1,640 bilhão (cerca de R$ 4,690 bilhões), para este ano. O que ultrapassar esse limite paga alíquota de 35%.
Tribuna – O que irá acontecer com o fim do acordo?
WS – A preocupação do Sindicato é que com o encerramento das cotas e, consequentemente, o livre comércio entre os países volte a acontecer a enxurrada de importações como em 2011.
Tribuna – Por que isso é tão prejudicial para os empregos dos metalúrgicos?
WS – Para entendermos os reflexos nos postos de trabalho no Brasil, temos que entender que o governo mexicano regulamentou a precarização do trabalho com as chamadas maquiladoras.
Tribuna – O que são maquiladoras?
WS – São empresas que atuam naquele país como as sistemistas aqui no Brasil, mas que não podem vender no mercado mexicano. Elas produzem para abastecer as exportações e, por conta disso, têm incentivos fiscais diferenciados das demais empresas.
Tribuna – E como é a relação trabalhista nestas empresas?
WS – Além destes benefícios fiscais, as maquiladoras pagam até 8 vezes menos aos seus trabalhadores, impõem longas jornadas de trabalho e têm a representação sindical controlada pelo governo.
Tribuna – O que está precarização significa para os metalúrgicos do ABC?
WS – Significa que com essas condições precárias não temos como competir de forma leal. E mais, as nossas conquistas, que conseguimos com muitas lutas podemos perder.
Da Redação