Banco Central deve manter juro, mas aliviar aperto no crédito
O Banco Central se prepara para remover algumas das medidas prudenciais remanescentes do pacote adotado em 2010 para conter o rápido avanço do crédito bancário, apurou o Valor com fontes familiarizadas com o assunto. A avaliação é de que essas medidas, conhecidas como macroprudenciais, já cumpriram seu papel.
Numa mensagem raramente tão explícita, ontem o Banco Central informou, em ata de seu Comitê de Política Monetária (Copom), que não contempla reduzir a taxa básica de juros, hoje em 11% ao ano, apesar dos sinais de forte desaceleração da economia.
O documento confirma informação antecipada na semana passada pelo Valor PRO, serviço de informação em tempo real do Valor, de que a expressão “neste momento” no comunicado do Copom não representava indicação de baixa de juros e, sim, de que o Banco Central se mantém vigilante. As taxas futuras de juros negociadas na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F) tiveram forte queda ontem.
O BC diz, no documento, que a inflação está alta e resistente, mas vislumbra um cenário de sua convergência à meta até meados de 2016, puxada pelo alto grau de ociosidade da economia, desaquecimento no mercado de trabalho e fim do ciclo de desvalorização cambial e de reajustes de preços administrados. Mas a queda nos índices de preços, avisou, pressupõe “estratégia que não contempla redução do instrumento de política monetária”.
Aos poucos, o BC já vinha revertendo as medidas macroprudenciais. Entre aquelas ainda em vigor está a ponderação de 150% para fins de cálculo de exigência de capital dos bancos nas regras de Basileia para as operações de crédito consignado e de financiamento de veículos com prazo superior a 60 meses.
O Banco Central tem insistido que as macroprudenciais visavam garantir a solidez do mercado bancário, mas reconhece suas repercussões sobre a atividade econômica e a inflação.
Bancos e o Ministério da Fazenda vêm defendendo o fim das macroprudenciais, apontando a restrição de crédito, sobretudo no segmento de financiamento de veículos, como uma das travas ao crescimento. A presidente Dilma Rousseff recebeu, há alguns meses, um levantamento detalhado das medidas ainda vigentes.
Do Valor Econômico