Crise na Argentina provoca queda de 32% nas vendas do setor automotivo

Um dos principais motivos para a queda da produção no setor automotivo neste ano são as medidas de restrições às importações brasileiras adotadas pela Argentina.

O país vizinho é responsável por 67% das exportações nacionais de automóveis, caminhões e máquinas agrícolas. Com as limitações, as vendas do setor automotivo para o mercado portenho apresentaram queda de 32% apenas no primeiro trimestre de 2014.

Em entrevista à Tribuna, o presidente dos Metalúrgicos do ABC, Rafael Marques, fala mais sobre este problema, das reações do Sindicato e do governo brasileiro para mudar a situação.

Tribuna Metalúrgica Quais as restrições im­postas pela Argentina?

Rafael Marques – No início de dezembro de 2013, o governo argenti­no anunciou a limitação entre 20% a 27,5% das importações de automó­veis e veículos comerciais leves, o que já refletiu no setor automobilístico e na balança comercial brasileira. Segundo eles, a medida seria uma ma­neira de estancar sua sangria de reservas in­ternacionais, que caíram 21% no ano passado. Durante o anúncio foi afirmado que as mon­tadoras argentinas que exportam o mesmo va­lor que importam não teriam que reduzir com­pras externas, enquanto as importadoras foram incluídas na nova res­trição.

TM Como essas me­didas afetam o Brasil?

 Rafael – Todas afetam diretamente. Esta foi uma tentativa equivoca­da para fazer indústrias de autopeças se instala­rem na Argentina, o que pode ter poucas chances de funcionar. E como, pelo menos, 67% dos veículos importados pela Argentina vêm do Brasil, esta queda nas vendas acaba sendo inevitável para nós.

TM Quais as perspectivas agora?

 Rafael – Brasil e Argen­tina estão acelerando as negociações para mini­mizar os efeitos destas medidas em território brasileiro.

TM E as ações que o Sindicato está adotando?

 Rafael – A pressão exer­cida pelos Metalúrgicos do ABC sobre o Mi­nistério da Fazenda e o Banco Nacional de De­senvolvimento Econô­mico e Social, o BNDES já começa a dar resulta­dos como o retorno do Finame Simplificado, que vai destravar a venda de caminhões. O Sindi­cato também mantém conversas com repre­sentantes do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, o MDIC. Todos estão trabalhando em conjunto para para che­gar a resultados positivos o quanto antes.

TM O que pode ser feito além disso?

Rafael – Evitar o pessi­mismo. Esse sentimen­to com relação à crise da Argentina já refletiu no setor com paralisa­ções na produção de caminhões nas fábricas Ford, em São Bernar­do, e Mercedes, em São Bernardo e Juiz de Fora, em Minas Gerais, por exemplo.

Da Redação